3 de março de 2007

Otia tuta



Digitalizo preguiçosamente um excerto do Roteiro do Almanaque Palhares, sobre a Estrada de Benfica e detenho-me no Palácio dos Condes de Farrobo. A quinta adjacente é o actual Jardim Zoológico, o palácio mantém-se na Estrada das Laranjeiras. Depois deparo com um pormenor no edifício que sempre me intrigou.

Image Hosted by ImageShack.us

Image Hosted by ImageShack.us

É o Teatro Tália. As esfinges sempre me seduziram. Vejam a actualidade
Foi aí que se estreou o Frei Luís de Sousa. Pisco o olho a Gustavo Matos de Sequeira que diz" O furiosismo teatral do meio aristocrático de Lisboa manteve-se largos anos, dignificado , antes da Regeneração , pelas famosas representações do Teatro Farrobo, que só de por si mereceram um estudo admirável a Tinop" ( Teatros de Outros Tempos). E a Tinop recorramos " O Teatro Farrobo começara em 1820 num palco improvisado no Palácio das Laranjeiras, no qual de 1825 a 1827 se cantou ópera. Em 1833 recomeçaram as récitas nas Laranjeiras" (Lisboa d´outros tempos)
Tinop dedica um capítulo inflamado à actividade faustosa deste teatro, aos bailes, à luxuosa iluminação a gás, às novas estrelas que ai despontavam, aos namoros clandestinos, tudo num cenário sumptuoso, terminando com a morte da figura que criou este teatro o Conde Farrobo. Um personagem de pasmar,romântico e aventureiro, que bem mereceria ser melhor conhecido .
Diz Tinop que quando se vendeu o palácio, a primeira coisa que o novo proprietário mandou fazer foi arrancar o "lema que ornava o portão deferro: Otia Tuta" (Toda Prazeres).
Isso diz tudo não é? Agora pertence ao Estado, que de facto não é amante de coisas prazeirosas

Sem comentários: