12 de março de 2007

O Eléctrico nº 28

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Um dos meus primeiros amores em Lisboa foi o eléctrico 28. Passava em frente a minha casa e era um bom pretexto para se ir à Feira da Ladra, às compras nos alfarrabistas em São Bento, à Graça ao indiano e a Campo de Ourique. Porque entre os Prazeres e a divina Graça, a tudo lhe era e é permitido chegar.
Um eléctrico eleito dos deuses, claro está.
Ontem quando um amigo meu me ofereceu esta foto, achei graça à coincidência, nem ele fazia ideia do afecto que tenho a este amarelinho ( ou adivinhava?).
Acordava com o deslizar ruidoso dele pela Calçada da Estrela, adormecia com os seus sons. Uma onda metálica, em suma.
É sempre um passeio que obrigo a fazer a quem não conhece Lisboa: uma volta de 28. Mas sem ser os turistas, as velhinhas carregadas, os carteiristas, proliferam casais de namorados neste meio de transporte. Namora-se em todas as línguas e tiram-se imensas fotos.
Quando estudei Rádio, fiz um programa sobre ele. Só me lembro que metia Erik Satie entre os textos. É sem duvida uma alegria que lhe é apropriada. Porque é um eléctrico propício à felicidade.


1 comentário:

Miguel Gil disse...

T. , o eléctrico 28 é também para mim muito especial.
Muito novo, quando quis conhecer Lisboa, metia-me nos eléctricos e ia até ao fim das linhas. Assim conheci muitos bairros dos quais só sabia o nome: Graça, Campo de Ourique, Estrela, Calvário, Camões, Carmo, Xabregas, etc.
Mas o 28 é o que nos leva aos mais interessantes locais e passa naquelas ruelas estreitas tão típicas dos bairros mais antigos.
Ia à Feira da Ladra comprar botas e sacolas da tropa e outras coisas giras que pudesse comprar (foi moda), claro apanhava o 28.
[Vejam bem! Um feirante da Ladra enviou-me um postal a dizer que podia ir a casa dele (na Graça) buscar a minha carteira esquecida na sua banca. Fui e estava intocada. Aquele não fez jus ou nome].
Anos mais tarde, o meu teatro tinha a sede na rua São Domingos à Lapa e estudava no Conservatório, na rua de São Caetano (Bairro Alto), o percurso era feito no 28.
Aconselho também a todos, os que visitarem Lisboa, a apanharem o 28.