18 de janeiro de 2007

Eu pecador me confesso

Eu dormia, mas o meu coraçäo velava;
e eis a voz do meu amado que está batendo:
abre-me, meu amor, pomba minha,
porque a minha cabeça está cheia de orvalho,
os meus cabelos das gotas da noite.

Já despi a minha roupa;
como as tornarei a vestir?
Já lavei os meus pés;
como os tornarei a sujar?

O meu amado pós a sua mäo pela fresta da porta,
e as minhas entranhas estremeceram por amor dele.

Eu me levantei para abrir ao meu amado,
e as minhas mäos gotejavam mirra,
e os meus dedos mirra com doce aroma,
sobre as aldravas da fechadura.

Eu abri ao meu amado,
mas já o meu amado tinha se retirado, e tinha ido;
a minha alma desfaleceu quando ele falou;
busquei-o e näo o achei,
chamei-o e näo me respondeu.


De noite, em minha cama,
busquei aquele a quem ama a minha alma;
busquei-o, e näo o achei.

Levantar-me-ei, pois, e rodearei a cidade;
pelas ruas e pelas praças buscarei
aquele a quem ama a minha alma;
busquei-o, e näo o achei.

Acharam-me os guardas, que rondavam pela cidade;
eu lhes perguntei:
Vistes aquele a quem ama a minha alma?

Apartando-me eu um pouco deles, logo achei
aquele a quem ama a minha alma;
agarrei-me a ele, e näo o larguei,
até que o introduzi em casa de minha mäe,
na câmara daquela que me gerou.

Sim, na verdade persisto em assistir às missas na esperança de, um dia, escutar esta leitura! Não tenho remédio...

[Cântico dos Cânticos, 5 e 8]

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