
o pátio maldito é um daqueles livros que, só o facto de acharmos que na literatura da ex-jugoslávia não há nada de relevante, pode fazer com que não tenha sido um êxito editorial.
o pátio maldito conta-nos a história de frei petar, contada por um seu discípulo a um outro colega aquando da iventariação do seu espólio logo após a sua morte.
o frei petar, por um daqueles equívocos em que os balcãs são férteis, acaba preso no 'pátio maldito' em istambul.
ali se cruzam bósnios, sérvios, georgianos, turcos, gregos, sírios, libaneses, judeus, catolicos, ortodoxos...
ali se cruzam o medo da morte ou da loucura, do esquecimento ou da tortura. o medo da perda da dignidade humana. o medo da perda do sorriso e da inocência.
ali se conhece o despostismo, a ambição, a subserviência e a mais completa falta de noção de justiça. mas também a solidariedade e a valorização das coisas insignificantes.
é ali que o frei petar conhece kâmil-efêndi, um filho de pai turco e mãe grega. muçulmano, educado, culto e cheio de uma sensibilidade impossível de sobreviver naquele espaço e naquele tempo, que acaba morto meio pela fantasmas que criou na sua imaginação, meio porque esses fantasmas o tornaram perigoso aos olhos dos servos do califa.
é um livro deslumbrantemente bem escrito, e muito bem revisto (quanto à tradução, não faço ideia se respeita o original que sérvio para mim é mais ou menos como chinês). uma edição tão bem cuidada que, nestes tempos de facilitismo, apetece ressalvar.
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