10 de outubro de 2006

a balada do café triste



Um dos livros que mais me marcou foi a balada do café triste da Carson Mccullers, é um livro estranho e muito belo sobre um café de uma pequena cidade do sul dos estados unidos e acima de tudo sobre o amor da Miss Amélia pelo primo Lymon.
Todo o livro é trespassado por muita dor, amargura, raiva, alegria, perdão. É um livro tocante, belo mas desolador.
A prosa de Carson é quase poética, mas também muito directa e límpida.

«Era uma coisa evidente aos olhos de toda a gente. Viviam na mesma casa, juntos, e nunca se separavam. Por conseguinte, e segundo Mrs. MacPhail, uma velha metediça com o nariz coberto de verrugas e que nunca estava quieta, e algumas outras, aqueles dois viviam em pecado. Se eram parentes, tratava-se de parentesco afastado e mesmo isso não havia maneira de se provar. Ora, Miss Amélia, com mais de seis pés de altura, era uma pessoa desajeitada e o primo Lymon um anão que mal lhe chegava à cintura. Mas tanto melhor para Mrs. MacPhail e suas comadres, gente que se regozija com ligações discordantes e mais dignas de dó que doutra coisa. Assim seja. Os sem-malícia, por seu lado, pensavam que, se os dois extraíam prazer físico um do outro, era assunto que só dizia respeito aos próprios e a Deus. Mas todas as pessoas sensatas concordavam - e a sua posição era clara - que não era esse o caso. De que natureza era, então, este amor?
Em primeiro lugar, é uma experiência a dois, mas isso não quer dizer que seja a mesma coisa para cada um. Há o que ama e o que é amado, e estes dois eram diferentes como o dia da noite.»

Balada do Café Triste
Carson McCullers
(Relógio d'Água)



este livro lembra-me muito esta imagem do Hopper

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