questão prévia:
as recolhas de frutas directamente das árvores dividem-se em dois grandes grupos:
a chinchada e a apanha.
eu não sou urbano nem rural.
sou suburbano (assim uma espécie de estádio de oeiras em gajo).
nasci em fajão, como todos vocês estão fartos até àos cabelos de saber, mas vim para queluz com um ano de idade.
e por aqui me mantive sempre.
cresci entre a 'miguel bombarda' e o palácio.
quando era puto, a árvore por excelência para a chinchada era a nespereira do quintal junto à praça (não a velha praça actual, mas a outra que então era a que havia).
tinha um muro com vidros de garrafa partidos. mas já tão polidos que só servia mesmo era para ajudar a subir.
era uma subida mais perigoso por causa do dono do que propriamente pelos vidros em cima do muro que uns caixotes de frutas (ao tempo de madeira bem mais sólida) ajudavam a subir.
depois havia outras: a figueira no outro lado do jamor, o rio (aqui o 'risco' era mais descer e atravessar o rio), umas figueiras e nespereiras na 'rua das bruxas', as figueiras do 'tanque das figueiras' imediatamente a seguir à 'matinha', na estrada que liga queluz a carnaxide, e a cereja em cima do bolo, as laranjeiras da quinta do palácio (poderei dizer nacional mesmo sendo num subúrbio?).
para estas, a coisa tornava-se mais complicada.: era necessário entrar como visitante no jardim (ao tempo era de borla, pelo menos para os putos da escola em frente, como era o meu caso) passar a parte ajardinada, ir até à zona da quinta, apanhar a fruta às escondidas do 'caseiro' (nome por que tratavamos todos os trabalhadores da quinta) e dar as laranjas aos amigos que tinham ficado do lado de fora no portão lateral que agora serve as cavalariças.
em fajão sempre foi mais apanha de fruta. das cerejeiras do cemitério velho às da eira, das pereiras do quintal do ti'antónio ramos, das uvas de todas as courelas, a que me sustentou durante os dias do primeiro festival de vilar de mouros em 71 em que me alimentei exclusivamente de fruta roubada, ou nos caminhos calacorreados durante as recolhas de musica nos idos de 70 com os meus amigos e que ajudavam a manter o espírito elevado e repousar os pés.
mas a coisa era sempre do capítulo da apanha.
igualmente apanha foi o que aconteceu no natal de há 2 anos. mesmo que me tenha custado duas costelas partidas subir àquelas laranjeira e tanjerineira...
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