19 de julho de 2004

surrealismos, parte II

imaginem-se a cantar um longo moteto.
o 'te deum' do delalande.
18 partes: 1 introdução sinfónica, 8 partes de coro, 9 partes de solo
uns 20 músicos, 6 solistas, 30 coralistas.
a basílica dos mártires completamente cheia. em pé e sentados
primeira audição absoluta da peça em portugal.
a coisa prometia
primeira parte com o antigo, e amigo do peito, maestro
segunda parte, o dito te deum
começa a coisa...
vai-se cantando
e tocando
e cantando....
está a correr bem...

de repente...
no final da parte 16, com meio coro sentado no chão porque tinha duas partes de intervalo até ao coral final... o maestro diz: temos que passar ao final já !!!
que se passou com o 17?
era suposto existir aqui um dueto de tenores....
nada.
arrancamos para o final...
muitas palmas e agradecimentos
somos os maiores do mundo e arredores.

perguntam vocês... o que aconteceu para cortar uma peça quase no final?
a últimas vez que ouvi 'levanta-te depressa' foi na adolescência e era por ter chegado o pai de alguém...
não adianta tentarem imaginar.....
o que se passou foi, simplesmente, que um dos solistas tinha outro concerto no estoril e achou que estava atrasado.
deixou o concerto a meio.. e foi á vida dele....
é absolutamente inacreditável que um tipo que acha que quer fazer da música a sua vida tenha este tipo de tão baixa atitude comportamental....

claro que o público não conhecia a peça, que era primeira audição absoluta em portugal (talvez por isso merecesse ainda mais respeito pelo dito tipo....), claro que não houve nenhuma pausa maior que as normais entre as partes de solo e coro. claro que no final ninguém deu por isso, á excepção de quem cantou e do segundo tenor que devia ter feito o dueto e foi para ali debalde sem ter cantado coisa nenhuma porque um gajo desapareceu a meio dum concerto....

depois ainda há gajos que dizem que ser músico em portugal.. blá... blá.. blá...

só apetece mandá-los levar num sítio que não mando porque ainda eram capaz de agradecer a lembrança...

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