3 de dezembro de 2014

«Lisboa nas narrativas: olhares do exterior sobre a cidade antiga e contemporânea»



Em pesquisa de textos e crónicas sobre Lisboa, encontro um interessante estudo da Universidade Nova de Lisboa, ilustrado com fragmentos de relatos de viagem,  crónicas e ficção, compreendidos entre época próxima ao terramoto de 1755 , passando pelas impressões de refugiados da II Guerra Mundial e avançando pelo século XX. O título de tal estudo coincide com o do presente post. Das crónicas, realço a prosa de Cecília Meireles, a prender-nos no encantamento da sua destreza poética. Dessas impressões de viagem, datadas da primeira metade do passado século, deixo um  fragmento:

«[…] pode-se caminhar pela velha Lisboa, que é ainda a que eu mais amo, embora sejam muito bonitos estes bairros que vão surgindo, com janelas sobre janelas, como, outrora, azulejo sobre azulejo, tudo muito clarinho, muito inocente, muito festivo, azul, cor-de-rosa, amarelo, verde, branco. Eu gosto é dos chafarizes, dos lampiões, de certas perspectivas, de certas portas, de certas pedras. E do Tejo. O Tejo com seus barquinhos é uma coisa linda de olhar, seja de um lado, seja do outro, seja do céu, - quando se vêem as ondas desenhadas uma a uma como trança desmanchada de sereia.[...]»

A organização de textos de Cecília Meireles, presente neste interessante trabalho, baseia-se na compilação Crónicas de Viagem 3, reunida por Leodegário A. De Azevedo Filho. As crónicas foram publicadas em diversos jornais brasileiros da época.