3 de fevereiro de 2013

Django Unchained





Gostar de Tarantino sem acanhamento ou preconceito, encontra explicação na impressão digital deixada pelo realizador, na aparente simplicidade da dicotomia bons/maus; preconceituosos/mentes livres, requintados/boçais…Perpassa uma violência não gratuita, a conduzir os destinatários das imagens (dois momentos do filme levam a desviar o olhar, mas só esses). Sente-se ainda o gozo – para o realizador e alguns destinatários cúmplices – da escolha da banda sonora que, em alguns pontos, quase nos transporta a momentos altos da nossa  autónoma (a outra pertence a um departamento bem menos empolgante) educação musical, apetecendo pedir: «interrompa-se o filme, vamos passar, por momentos,  a ver e ouvir Richie Havens em “Freedom”... para não mencionar Johnny Cash... "there ain't no grave..."». Um filme extenso? Não se dá pelo correr do tempo…
Fica-se a rir por dentro, sabendo que – vide a última grande digressão americana dos clássicos Crosby, Stills, Nash & Young e o modo como foram recebidos em Atlanta  - a película será mais uma pedra bem colocada em alguns sapatos.

(opção para não traduzir o título do filme: «unchained» não equivale, na totalidade, a «libertado»)

Django Unchained

Foto: blog soinlovewiththemovies

11 comentários:

Luísa disse...

Eu tinha visto só um episódio de CSI que tinha sido assinado pelo Tarantino e ADOREI. Forte, mas muito interessante.
Depois vi um filme dele (Inglorious Basterds) e fiquei tão traumatizada, mas tão traumatizada (além de chocada com um erro de raccord flagrante) com ele que não me sinto nada inspirada para ver qualquer outro filme do senhor. Eu, que não sou assim tão sensível, dei comigo a tapar a cara perante tamanha violência. :s

teresa disse...

Bom dia, Luísa.
Estas questões de gosto são assim mesmo... No caso pessoal, dou sempre outra oportunidade´(sendo mesmo teimosa no que diz respeito aos livros, mais do que ao cinema), mas o aliciante é termos todos diferenças no que diz respeito a gostos. Há uma escritora portuguesa viva, cujos livros nem sempre me atraem e insisto em ler o que vai saindo da sua autoria, trata-se de Lídia Jorge. Há cerca de 4 anos, ouvi-a numa palestra e fiquei marcada pela comunicação, sob forma de conversa informal para uma assistência quase que «familiar». Pensei então «ora aí deve estar a explicação algo subliminar para continuar a ler o que publica» :)

Luísa disse...

Imagine-se se todos gostassem da mesma coisa... que tédio!!

Mas quanto ao Tarantino eu tenho mesmo medo de ver qualquer filme dele. As apresentações metem quase sempre litros e litros de sange (eu não vi a apresentação do Django). E eu não costumo ser sensível, mas daquela vez... até "se me arrepia a espinha" só de pensar...

Já a Lídia Jorge, é engraçado mas eu gosto muuuuito mais de a ouvir do que a ler. Conheci o trabalho dela através da falecida Lepecki, que tinha uma veneração enorme pela escritora. Sei que a professora nos fez compreender muita coisa da autora, mas eu não me sentia ligada. ENtretanto ela foi a uma aula nossa e tudo ficou bem mias simples. A partir daí comecei a dar-lhe muita atenção, mas sempre mais na oralidade do que na escrita.

E assim o mundo não tomba só para um lado... :)

teresa disse...

Boas memórias, a professora Lúcia Lepecki, embora saiba que a Luísa a conheceu mais de perto. No meu tempo, procurávamos que os professores nos recebessem nas turmas, era o «salve-se quem puder» (havia quem acampasse na relva da alameda para marcar lugar, ainda o sol não tinha nascido). Dirigi-me à professora em questão e ela disse-me, no seu sotaque tão próprio que não podia receber mais alunos, pois tinha «a pressão baixa» e muita gente na sala era contraproducente... Só a vim a conhecer um pouquinho melhor, em tristes circunstâncias (o tal texto que a Luísa conhece) :)

Felicidade disse...

Já vi praticamente todos os candidatos aos Oscares ( em sites piratas, é certo!) e o Django Unchained é de longe, o melhor.É arrojado, mistura o cómico, com o drama e reinventa o western. A banda sonora, meu Deus, é qualquer coisa do outro mundo! Uma palavra de elogio para as excelentes interpretações de Christopher Waltz e de Leonardo DiCaprio que vai muito bem no papel de vilão! Fica-lhe a matar.

teresa disse...

OMG! sites 'Jack Sparrow'? Ora vê lá o filme com atenção e depois falamos no assunto em frente a um travesseiro da Piriquita com um bom café :)

carlos disse...

em frente a um travesseiro o mundo é muito mais agradável

teresa disse...

Quanto a isso, não há opiniões divergentes :)

AnaMar (pseudónimo) disse...

E eu que adoro Tarantino, não me apetece ver este filme e nem sei explicar porquê (será porque a maioria dos amigos me pergunta se já o vi? ;-)

teresa disse...

Vale a pena, sim (digo eu, apesar da responsabilidade de tal afirmação) :)

AnaMar (pseudónimo) disse...

Obrigada, Teresa :-)assim a curiosidade faz com que o veja. Direi então o que senti.:-)))