8 de novembro de 2012

Giotto ou quando a Idade Média invade o século XXI

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Parecem ser comuns pequenas evasões à nem sempre interessante realidade, por isso tantas vezes nos revemos em personagens do grande ecrã , ou em trechos ficcionados passados ao papel que, espera-se, não venha a ser totalmente substituído pela leitura nos monitores. Decerto os cinéfilos guardarão, no espaço mais grato da memória, algumas cenas de películas ou pequenos diálogos da sétima arte . Seria interessante (digo eu, com a mania de dizer coisas), o exercício (com os nossos botões e com os alheios) que nos permitisse enumerar o que mais terá marcado cada um, em matéria de cinema. Das cenas significativas retém-se – já aqui referida – uma breve imagem de Roma de Fellini: a desintegração de um fresco romano, aquando das obras para o metro da cidade. Quanto a trechos ficcionados, poder-se-iam indicar passagens de um livro destinado à juventude e intitulado O Cavaleiro da Dinamarca, no qual – leitura pessoal – o maior atrativo será o de aguçar, junto dos mais novos, o interesse por obras intemporais, como a Divina Comédia, ou viajar por espaços míticos, como a Veneza medieval e renascentista, despertando ainda a curiosidade pelo enorme génio da pintura, de seu nome Giotto. Tentando poupar quem ainda tiver conseguido chegar a este ponto das divagações, passa-se à explicação das mesmas: o facto de se ter divulgado, há menos de uma semana, a fantástica descoberta, numa capela quase esquecida, na cidade de Assis, um conjunto de frescos da autoria deste artista medieval. Tal revelação surge após dois anos de trabalho de restauro na Capela de S. Nicolau (Basílica de S. Francisco), danificada pelo sismo de 1997. As pinturas encontram-se assinadas com as iniciais GB, Giotto di Bondone, segundo se pensa. A figuração medieval deste precursor da arte renascentista apresenta o universo fantástico da Idade Média, incluindo uma representação demoníaca a surgir por detrás de um céu pleno de nuvens, numa ilustração sobre a morte de S. Francisco. Motivos para tamanha preciosidade ter ficado escondida ao longo de séculos? De acordo com o responsável pela equipa de restauro, Sergio Fusetti, a explicação reside no facto de se ter encontrado a capela encerrada por muito tempo, sendo raramente utilizada pelos monges.

Imagem: Pietro Crocchioni/EPA

2 comentários:

Luísa disse...

Espero que a senhora Cecília Giménez não tenha uma vontade súbita de ir até Itália!!!! :D

teresa disse...

... ou se chegar à capela, que lhe tirem as tintas e os pincéis :o)