16 de maio de 2012

A couve dissidente

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A couve cresceu por ali, no meio das flores. Todas as manhãs, antes de sair de casa, lá a vejo, deixando diversas possibilidades a pairar no pensamento, habitual exercício para quem tenta fugir a ideias formatadas, a verdades inabaláveis. Ocorreu-me que seria uma couve dissidente e tenaz, já que não cresceu por via da mão do homem (esta a hipótese preferida), uma hortaliça com problemas de identidade ou, então, uma couve vaidosa, tentando alcançar protagonismo: talvez se sentisse pouco visível na área escondida do terreno, entre o alho francês, as alfaces e as beterrabas, tendo escolhido a companhia de mais nobres espécies vegetais... Pensando bem, tomei a decisão de lhe respeitar a longevidade, quanto mais não seja, pela ousadia.

7 comentários:

Luísa disse...

Gosto da hipótese de a couve ter problemas de identidade. Será que há psicólogos para tratar isso (se há de animais!!)?!?

Mas uma coisa é certa, com a couve a nascer de forma espontânea, a Teresa poupou a compra de uma couve de jardim... :D:D

teresa disse...

Pois não sei, Luísa, mas estranhei há dias uma colega dizer-me que ia com o cão a uma consulta, pois o animal andava deprimido, quanto às espécies vegetais, pelo menos converso com elas (esperando que ninguém se aperceba disso, já que não há vizinhança nas proximidades), mas sem a veleidade de tornar isso numa psicoterapia (pelo menos para as couves, digo eu):)

Luísa disse...

A vibração da voz faz bem às plantas, pois estimula o seu crescimento. Na estufa chegámos a brincar (exagerando) com isso. Quando as plantas estavam a ficar grandes demais dizíamos que o M. tinha que desligar o rádio no meio da estufa para elas abrandarem o crescimento. Portanto, não tem nada que "ter medo" que alguém se aperceba.

Quanto à terapia de animais... aí sou completamente céptica... conheço uma senhora que tem uma gata muito velha que devia ser abatida (ela está surda, anda meia desnorteada e faz as necessidades fisiológicas onde dá mais jeito), mas uma das filhas recusa-se a aceitar que a gata já teve os seus dias.
Então, para evitar isso, resolveram chamar um psicólogo de animais. O senhor disse que falou com o bicho, que por sua vez lhe disse que fazia aqueles disparates todos porque a família estava meia desfeita e que sentia falta do seu amigo cão (uma das filhas foi viver com o namorado e levou um labrador que havia lá). A senhora estava toda contente porque o psicólogo tinha descoberto aquilo e tinha posto a gata mais calma com um comprimido. Ignorando, por exemplo, o facto de a gata ter começado com certas coisas antes de a filha ter ido embora.
Ora... isso até eu sei fazer... basta saber o que se passa dentro de uma família (para fazer número) e dar o comprimido certo, seja ele para um animal ou para uma pessoa, e durante umas semans temos paz e sossego!!!
Acredito que se compreenda certas coisas de um animal (quando tem fome, quando está doente, mas sem se saber a doença, o veterinário é que descobre isso, quando estão satisfeitos), mas isso compreende-se pelo comportamento que se vê ao longo do tempo, não por se falar com um gato durante uma hora depois de se receber 150 francos!!!!
Isto parece-me que é como ir a uma cartomante... uma vez eu consegui ler a sina de uma mulher que nunca vi, pois uma colega comum insistia que a cartomante acertara em tudo. Eu disse as palavras certas, construindo as incertezas todas e... voilá.. eis que se via a vida dela à minha frente, sem nem sequer saber que cor de cabelo tinha!!!
A sério que me assustam com certas coisas... dos humanos...

teresa disse...

Bom, o comentário da Luísa levar-me-ia a metros de prosa… Sou incapaz de ver os animais maltratados, mas esses excessos de zelo sempre causaram admiração, isto para não referir práticas "clínicas" como a indicada... Quanto à agricultura doméstica, mais do que ter agradáveis diálogos (monólogos) com as espécies vegetais e, de vez em quando, maltratar os limoeiros para que produzam limões (o que fez rir uma amiga psicóloga de ‘gente’, explicando que era por isso que eu aparentava muita calma, por me vingar nas árvores…)fico-me por aí mesmo, os cães que tenho, só vão à consulta para serem vacinados e pouco mais. Por estranha que a prática pareça, é batendo com um cabo de enxada nos limoeiros que eles nos dão mais frutos (na minha ignorância, penso que isso facilita a polinização, será?), garanto que o procedimento resulta :)

Luísa disse...

Por acaso desconhecia que fucionava com limoeiros, mas toda a vida ouvi que com os diospireiros funciona. Não sei se é mesmo verdade, porque não tenho diospireiros e também não sei qual é o efeito real na árvore. Mas vendo pela perspectiva da sua amiga... a coisa tem, pelo menos, efeito terapêutico nos humanos. :D

teresa disse...

Bom, cumpre-me esclarecer (depois de ter pensado e confirmado) que as sovas aos limoeiros (e também aos diospireiros) destinam-se a uma melhor circulação da seiva... que isto de posts mesmo a brincar, deve ter "o seu quê" de rigor científico:)

Luísa disse...

Obrigada, Teresa. Realmente nunca ninguém me tinha dado uma razão para bater numa árvore!!!

E concordo consigo, mesmo sendo num registo infromal, de quase conversa de amiggos numa esplanada, penso que se deve ter esse rigor científico. Já basta da informação (e contra-informação) que se vê por aí e que ninguém consegue parar e/ou filtrar para uso próprio! ;)