Depois do café do almoço, a mãe deixara o açucareiro sobre a mesa da sala de jantar, indo à cozinha dar umas ordens à criada. Quando voltou, viu logo que algum dos filhos tinha ido ao açúcar. Chamou-os:
— Francisco, Rafael, Maria, venham cá. Qual vocês meteu a mão no açucareiro?
— Eu não fui, mamã — respondeu logo Maria.
— Nem eu, mamã acudiu Francisco
— Pois eu é que, não fui — exclamou Rafael.
A mãe, então, lembrou-lhes que era muito feio mentir e que quem confessava uma culpa, merecia perdão. Contudo, nem assim o lambareiro se acusava.
Bem, como nenhum de vós foi ao açúcar, fico satisfeita. Eu tinha-lheposto remédio para matar, as formigas. Ora, se algum de vocês comesse uma só pitada que fosse, morria, se eu o não levasse ao médico
E já ela se levantava da cadeira em que se sentara, quando Rafael, chorando muito, disse
— Mamã, leve-me ao médico a mim.
Livro de Leitura de João Grave, 3ª Classe, ilustração de Laura Costa
6 comentários:
Toda a gente, mais cedo ou mais tarde, faz o que a mãe fez. Mas... escrever um texto deste para um livro da primária... assusta-me um bocado.
Mas gosto dos desenhos. Não sei porquê, sempre achei piada aos bonecos dos livros da escola primária "do antigamente" (com a minha mãe a supervisionar, em tempo de férias, eu tinha autorização apra mexer nos livros dela e deixar os meus de lado!!).
;)
Histórias muito morais:)
Há uma pequena peça de teatro fabulosa baseada neste mal-entendido do veneno no açúcar, tem como título 'Açúcar ou veneno?' e tenho-a bem presente por já a ter ensaiado com alunos de teatro. Aqui pode ser assustador (como refere a Luísa), mas a peça, recente, é bem irónica e só pelo post percebo que se deve ter usado este texto como ponto de par
... de partida:)
Este livrinho é muito interessante. Penso que deve ser o que precedeu os Livros de Leitura do Estado Novo.
O de partida partiu antes:)
Não sei na foto do Pombal se é o escultor ou não. Só fotografei a foto e não me lembro se tinha legenda..grrrr.
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