7 de dezembro de 2010
À conversa com mestre Gil
Beleza perene de uma localidade que, em passado não muito distante, alguém baptizou como Vila Riba, sendo que a Vila Bajo se destina à sintrense área suburbana, onde edifícios crescem de modo selvagem, deixando-se desaparecer algumas moradias de amplos jardins para se dar lugar a prédios descaracterizados.
O centro histórico de Sintra traz-nos encantamento ao longo das estações do ano. Mesmo num dia cinzento, os telhados contam-nos histórias antigas e lendas de moiras encantadas. As tonalidades outonais ficam bem a esta terra, a largar folhas de plátano de cores quentes a contrariar o cinzento da época.
Um dia mágico, a assistir à peça teatral até hoje maior número de vezes observada em diversas encenações e propostas, ao sabor da criatividade de encenadores mais ou menos dentro do espírito vicentino. A referência vai para o Auto da Barca do Inferno que, mesmo sem papéis estudados, se conhece quase de cor… Numa das salas do palácio, a simples cenografia: um estrado, uma barca infernal que mais parece a nave dos loucos de Calderon, uma barca do Paraíso a lembrar um realejo: a separação das cenas é efectuada por uma percussão a tambores cadenciados, captando a atenção de um público maioritariamente jovem. Fica-se a pensar que , mesmo com algumas marcas de modernidade, se consegue destrinçar quando um encenador e respectivos actores respeitam a época, não adulterando as suas características, uma lição tão distante no tempo e , ao mesmo tempo, tão actual… Há que fazer a respectiva vénia a esta proposta teatral a cargo do grupo Byfurcação: sem paragens desnecessárias, sem momentos mortos e em total respeito pela lição do texto. Mestre Gil apreciá-la-ia decerto. E saber que no Palácio Nacional se assiste a uma peça que, há muitos séculos, lá terá sido decerto representada, traz à assistência outro entusiasmo.
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2 comentários:
Nesta foto vê-se o edifício de onde estou a ler o seu blogue neste preciso momento! :)
Fantástico local e interessante coincidência, David:)
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