5 de outubro de 2010

5 de Outubro de 2010: simples retalhos de um centenário

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(imagem: História cronológica do meu Portugal)

Cem anos decorridos após a revolução de 5 de Outubro, as linhas sairão decerto desordenadas e – por motivos óbvios e confessamente pessoais - com a tónica na Educação. Será ainda inevitável dissociar a efeméride hoje comemorada do golpe de Estado de 1926 a ver o seu fim numa madrugada de Abril.
Recuando, a finais de dezanove, aos bastidores da data hoje celebrada, reflecte-se na composição inicial do Partido Republicano e respectivas forças activas na implantação do novo regime em embrião: intelectuais com algumas ligações à maçonaria, muitos profissionais liberais, alguns militares e ex-professores destacando-se, de entre eles, Bernardino Machado, outrora docente na Universidade de Coimbra. O partido contará ainda  com comerciantes e industriais da pequena burguesia, operários, funcionários do comércio e a força aglutinadora dos trabalhadores rurais.
João Chagas, então jornalista, viria a escrever: «a República foi proclamada por telégrafo em certas zonas do país».
Tendo como algumas das suas bases o positivismo de Auguste Comte, o pró-laicismo e a tendência pró-anticlerical, os primeiros tempos são caracterizados pela abolição, nas escolas públicas, dos símbolos religiosos. Assiste-se ainda à expulsão dos Jesuítas, passando a pertença do Estado o Colégio de Campolide, hoje instalação da Universidade Nova de Lisboa.
Olhando de relance e de modo parcelar um período de cem anos, poder-se-á salientar o facto de, em 1925, metade da população activa trabalhar na agricultura, sendo o trabalho infanto-juvenil uma das principais causas do afastamento das crianças dos bancos escolares. Em 1910, 76% da população é analfabeta, sendo a taxa penosamente reduzida, dez anos mais tarde, para uns preocupantes 70%.
A fuga ao cumprimento da escolaridade abrange sobretudo o sexo feminino, tendo a escassez de professorado conduzido à criação da figura do regente escolar, a quem é exigida a 4ª classe como habilitação mínima ao exercício da docência. A este propósito e com base em aturada investigação, escreve Rómulo de Carvalho reportando-se à época: «aquando da admissão de regentes escolares foi admitido um candidato que, ao ter de assinar, informou não o saber fazer».
Mais tarde e ainda durante o Estado Novo, o então ministro Veiga Simão virá a criar cursos de reciclagem para a promoção dos regentes escolares.

Agradecimentos póstumos: professor Rogério Fernandes

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