14 de julho de 2010
A vida (também) é feita de pequenos nadas
Na esplanada e a fazer tempo para um pequeno compromisso, leio o jornal.
Dentro do café, amontoam-se clientes com ar de quem vai dar início a mais um dia de trabalho: esta parte da cidade não é dada ao turismo nem se encontra ainda de férias - penso…
Saboreando a generosa e rara pausa, sem preocupação com o serviço de atendimento, apetece ficar ao sol sem olhar para o relógio, evocando tempos distantes em que fazia questão de nem utilizar este "contador de tempo".
Poucos minutos depois, um senhor de cabelos brancos, ar distinto e traje de executivo a não destoar da restante clientela, dirige-se-me em tom afável «como vou lá dentro pagar, posso fazer o seu pedido…». Em tempos que correm, estranha-se por uma fracção de segundos qualquer solícita e desconhecida oferta. Talvez a minha expressão traidora se tenha revelado durante o breve pensamento. Insiste então com sorriso espontâneo «não me custa nada». Apercebo-me de imediato da genuína amabilidade. Pouco depois, chega o segundo pequeno-almoço (já que o primeiro foi tomado ainda “de madrugada”). Fechado o jornal, fico a pensar em simples gestos como este, desinteressados e de uma leveza como a da manhã de hoje. São também estes pequenos nadas que melhoram, muitas vezes, o resto do dia, fazendo lembrar um refrão - «a vida (também) é feita de pequenos nadas».
Acabo de ver que a esplanada ficou deserta. Todos devem ter dado início a mais uma manhã de trabalho.
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7 comentários:
;)
teresa eu sei onde é que este post (também) fica bem :) posso pô-lo do outro lado? ;)
Claro que sim, J.
E é certo que se tu não soubesses onde era, quem saberia?;)
O meu queixo caiu, literalmente, de espanto. Mas são estas coisas que fazem acreditar na humanidade.
Eu acredito nas pessoas, mesmo quando lá pelo local de trabalho, os mais próximos (e com sentido de humor) me chamem «off the record» ET, Luísa =D
Hummm...um belo Buondi acompanhado com um bolinho....é um "grande nada"....
Bem observado, Júlio Amorim. Segue uma pequena correcção: "empada" e não "bolinho"... :)
Também me pareceu ser um salgadinho mas....esta imaginação foi logo para os doces....:-)
Passados algumas décadas fora de Portugal....o bolinho e a bica continuam a liderar a lista das saudades....
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