5 de julho de 2010
Anacronismos
Especialmente para alguns turistas, há o gosto de reviver um pouco o passado: utiliza-se a expressão «um pouco», pois a circulação destes veículos por estradas de asfalto já quase nada lembra caminhos de macadame do antigo paraíso de férias para lisboetas mais abastados. É aqui que voa o pensamento para Eça com as deliciosas referências à vila de Sintra (que o digam os grupos de estudantes mais dedicados à causa e a reviver o roteiro queirosiano…). Hoje, alguns dos romanescos edifícios de dezanove indiciam preocupante ruína Feliz excepção será a estalagem Lawrence, referida em Os Maias , actualmente em bom estado de conservação, excelente cozinha, bom exemplo de restauro com o devido respeito pela época.
Regressando estas carruagens à respectiva garagem e estábulo que, presumo (com inúmeras evidências), se situem no caminho da escriba e tendo-se verificado que o final do dia de trabalho coincide com o horário de muitos que a casa pretendem chegar após um dia de labor torna-se, na presente estação do ano, suplício de Tântalo encontrar nestas estradas sinuosas dois e três “românticos” veículos em fila, tendo de seguir dezenas de automóveis atrás do cortejo “equídeo”. Encarando a coisa pelo seu lado positivo, poderá ser um treino para manter a calma nas mais variadas circunstâncias. A título pessoal, a manutenção da serenidade teve início com a fotografia captada de dentro do automóvel (com tempo para mais umas quantas imagens se necessário fosse).
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4 comentários:
Ainda bem que se conservam.
Mesmo que apenas para explorar desprevenidos turistas com preços exorbitantes para os portugueses.
Dão colorido, permitem uma visão lenta e por isso mais atenta ao pormenor, são atracção para uns quantos, e recordam um passado já longínquo, que poucos conhecem verdadeiramente.
Mas...(há sempre um mas), se circulam nas estradas, não podem seguir em fila indiana, pegados uns aos outros. Têm de manter distância entre eles para permitir ultrapassagens.
A situação descrita faz perder a paciência a um santo...e santos há poucos.
É isso mesmo... o problema é a paciência. Acho que comigo dava direito a eu saltar do carro e ir barafustar com o cocheiro, porque buzinar poderia assustar os cavalos e ser pior a emenda que o soneto... :D
José Quintela Soares,
Gosto de ver as carruagens mas por outros caminhos, é que nesta estrada sinuosa com extensões razoáveis onde é arriscado ultrapassar, as coisas complicam-se.
No entanto, visto nem sempre haver ideias para posts, aproveitei para calmamente tirar uma fotografia, é que uma condução nestas condições até deve dar para ler pelo menos os títulos do jornal.
Ainda lá hei-de chegar, Luísa, é que dá mesmo tempo para sair e trocar algumas palavras com o cocheiro (embora sirvam só como desabafo...). O que vale é que a música em audição era, no momento, um «anti-stress», pois o dia tinha sido para o agitado...
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