9 de julho de 2010
A agarrar o tempo
Há dias, de rápida visita a uma amiga, fui surpreendida com o acompanhamento do cafezinho - uns maravilhosos biscoitos aromatizados por diversas especiarias encontrando-se, entre elas, a inesperada alfazema. O formato também constiuiu agradável novidade: coelhos, gatos e cavalos em perfeição tal que cheguei a ponderar a decisão de poupar as espécies ali representadas. Dizia-me ela: «a minha irmã, autora destes bolinhos, frequenta, nos tempos livres, um curso de slow food». E como a ideia do que é slow se torna pessoalmente agradável (reminiscências da fábula em que a tartaruga se ‘dá bem’ no final), acabo por saltar para reflexões mais genéricas.
Tentando fugir a maratonas (o meu pai citava sempre os japoneses, referindo que “cemitérios são locais plenos de insubstituíveis”) torna-se, por vezes, quase impossível, escapar a catástrofes mesmo nada, mas nada naturais… Em momentos assim, passa-se em revista o conceito dos povos ditos do «Sul» (sendo que este ponto cardeal é relativo se transposto para o nosso continente) e fica-se quase que a invejar as culturas da siesta e afins. Espreitando também a Oriente com a sua ancestral sabedoria encontra-se, de certo modo, a confirmação, dado a Constituição chinesa defender que «em caso de necessidade o trabalhador tem o direito a tempo de repouso durante o trabalho».
Hoi An, Vietname.
Fotografia de Robert Delisle para l’Intern@ute Magazine
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3 comentários:
A Oriente há uma sabedoria da espera. Tenho uma amiga iraniana e gosto, quando conversamos, de apreciar as pausas que se concedem, mesmo nas decisões fulcrais, as perspectivas tão diferentes das nossas. Nós, ocidentais, somos demasiado ansiosos, queremos tudo para ontem.
Plenamente de acordo, divagarde, repetindo que os estereótipos - embora de valor relativo - nos mostrem um Oriente com outras prioridades (embora esta coisa da globalização tenda a uma certa uniformidade civilizacional).
O próprio budismo com os seus conceitos de mutação constante da vida e do «eu» (contestando este último) levem a uma visão completamente diferente acerca de um percurso em que uns correm e outros caminhem...
«caminham»...
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