Entra-se:
Na “Brasileira”, na “Benard”, no “Nicola”, na “Trindade”.
E sai-se com a seca certeza de que apenas os nomes são os mesmos.
Não há tertúlias, não se lê o jornal, não há engraxador. Já não há tradição.
Montras frigoríficas com enregelados doces. De gelar a alma.
Barulho ensurdecedor de quem julga estar numa tourada. Sem touros.
Turistas.
Pobre Pessoa, “ex-libris” de muitos desconhecido. Mas que entra na foto.
Pobre Bocage, negro de indignação. Que sobrevive. Entre restos de santola.
E o espírito de Aquilino, que por ali vagueia, recolhe diariamente ao Panteão, sobressaltado.
O Chiado, poeta sentado que ninguém leu, sorri ainda.
Tenta explicar o que não tem explicação. A descaracterização de uma Cidade.
A perda de identidade própria.
“Lisboa que não morre, e que resiste”.
Mal.
Na “Brasileira”, na “Benard”, no “Nicola”, na “Trindade”.
E sai-se com a seca certeza de que apenas os nomes são os mesmos.
Não há tertúlias, não se lê o jornal, não há engraxador. Já não há tradição.
Montras frigoríficas com enregelados doces. De gelar a alma.
Barulho ensurdecedor de quem julga estar numa tourada. Sem touros.
Turistas.
Pobre Pessoa, “ex-libris” de muitos desconhecido. Mas que entra na foto.
Pobre Bocage, negro de indignação. Que sobrevive. Entre restos de santola.
E o espírito de Aquilino, que por ali vagueia, recolhe diariamente ao Panteão, sobressaltado.
O Chiado, poeta sentado que ninguém leu, sorri ainda.
Tenta explicar o que não tem explicação. A descaracterização de uma Cidade.
A perda de identidade própria.
“Lisboa que não morre, e que resiste”.
Mal.
5 comentários:
"Montras frigoríficas com enregelados doces. De gelar a alma." Devo acrescentar: de embrulhar o estômago. Ao ler a primeira frase, juro que o meu estômago, que não é sensível, se embrulhou. Nunca gostei dessas montras frigoríficas. Muito menos em sítios de como os mencionados.
É tão bonito ver o pessoal sentado ao colo do Pessoa, a fazer pose e a dizer que aquele é o autor de "amor é fogo que arde sem se ver". Qualquer dizem que é autor do verso: "Ai, Deus, e u é?"... E depois admiram-se se o Chiado cair do banco...
Lisboa já não é o que era, os tempos são outros, as tertúlias foram-se finando, e as que restam são ou de gente já mais entradita na idade, que isto de bons hábitos nunca se perdem, ou de carolas amantes da boa vida.
A boa conversa e convívio à mesa do café ainda se vai mantendo fora de Lisboa, mas tende também a acabar.
Hoje infelizmente - embora eu goste do mesmo - só o futebol faz alguma diferença, e nós sabemos porquê....
Paixões e iras, bondade e crueldade, altruísmo e egoísmo… tenho para mim que as virtudes e defeitos foram os mesmos em todos os tempos Os homens sempre distinguiram o bem do mal, o certo do errado, o justo do injusto, optando por uns ou outros.
A leitura e a escrita estão decadentes é a mensagem desta “Seca certeza”. Porém, os valores, grosso modo, estão decadentes… devoção religiosa, dedicação a uma causa, palavra, honra, respeito pelo outro, dedicação ao próximo, reconhecimento, abnegação…
A arte contemporânea - tendo em conta a escrita e todas as demais representações que a arte alberga - está, grosso modo, decadente. E assim, os interesses, objectivos ou a simples vontade de conhecer, aprender, criar, empreender…
Apetece-me ficar por aqui e deixar Dominique Moisi, autor de La Geopolitique de l’Emotion, que, referindo-se ao seu pai sobrevivente de um campo de concentração, disse “O meu pai sobreviveu ao horror, à degradação e à humilhação para me ensinar a esperança”.
Parece não ter nada a ver, para mim tem tudo.
Lisboa, n é só Lisboa, têm outra... entraram noutra dimensão...
que temos de a descobrir, de a tentar acompanhar....
não sei se será melhor ou pior..quero estar cá para ver...
bem escrito :)
É verdade. Mas quereríamos nós viver em Lisboa em 1930, se nos fosse dada essa escolha?
Creio que desvalorizamos em demasia o presente, por comparação com um passado bastante maquilhado.
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