8 de março de 2010

Uma história ao fim do dia

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(imagem: academyart.edu)

O universo dos clássicos infantis constitui-se enquanto tempo e espaço de evasão.
Vem a ideia a propósito do actual filme de Tim Burton, baseado na obra de Carroll redutoramente catalogada como infantil.
…Na sala de espera do dentista, olhando o quadrado de janela onde picam agulhas da chuva e observando, do alto, o entorpecimento do trânsito, pego no bloco de apontamentos para aprisionar pensamentos de circunstância.
Em tempos, tentando restituir brilhos a um rosto de criança escrevi, num ímpeto e em curta narrativa, o enredo sobre um lobo que «afinal-não- era- assustador- e- fazia-birras» … foi assim como que a tentativa de mandar para longe pequenas-grandes coisas a ganhar, na infância, ameaçadores contornos de um qualquer Adamastor…
Ansiando a chegada de dias ensolarados a trazerem a paz primordial apetece, enquanto a chuva persiste, subverter o universo da ficção infantil.
E surge assim, em dia mundialmente datado, (assumo tratar-se de ‘um dois em um’) a ideia de uma princesa-operária fabril a repousar (melhor ou pior pois o ‘catre ou tálamo’ precisa de restauro) não sobre inúmeros colchões sob os quais se encontra uma ervilha, mas numa velha enxerga comprada num qualquer armazém de nome estrangeiro e para “gente remediada” . Do argumento fariam ainda parte uma irmã, cantora de fim-de-semana no tasco lá da terra que, ao invés da belíssima trança loira a servir de corda para a escalada do príncipe até à torre, usaria extensões capilares a precisarem de renovação e unhas decoradas com auto-colantes. As manas teriam ainda uma vizinha viciada em maçãs starking, não por imposição de cruel madrasta, mas por fazerem as mesmas bem à saúde permitindo, ao mesmo tempo, o natural bronzeado proporcionado pela ingestão de um ror de melanina, já que férias na praia seriam um El Dorado pequeno-burguês…
A madrinha das duas irmãs (do princípio do relato, caso tenham conseguido chegar a este ponto do texto sem adormecerem frente ao monitor), não transformaria abóboras em veículos , sendo sua ocupação a confecção e venda de rissóis, croquetes e coxas de frango num qualquer take away de subúrbio, dificultosamente juntando economias com vista a visitar um filho trolha, emigrante no Luxemburgo . Para concluir (prometo que serei breve e depois deste imbróglio tentarei entrar em ‘hibernação postativa durante considerável período de tempo’), o «Monstro» a ensombrar a vida das duas «Belas» seria o senhorio a reclamar, sob ameaça de despejo, o pagamento de rendas em atraso, passíveis de regularização após indemnização decorrente de um processo a arrastar-se, há tempos esquecidos, no Tribunal de Trabalho…

2 comentários:

Anónimo disse...

Olá Prattie,
Gostei do texto!
Que tal hoje o dia de Sol??
A mim, animou-me, mas o frio de manhazinha fez-me bater o dente :-)
(Não se pode ter tudo...Que chatice! Logo eu que tenho tanta dificuldade em querer menos do que tudo... :-) Quando tenho TUDO fico tão satisfeita e agradecida...)
Beijos e um bom resto de dia

teresa disse...

Olá cabbage,

Foi agradável haver sol (e lá se está a discutir a meteorologia).

Bjinho e só agora pude retribuir:)