23 de novembro de 2009

Personagens de carne e osso: o Catitinha

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Fazia parte dos relatos de infância: a minha avó, passando as páginas de um antigo álbum, falou-me pela primeira vez do Catitinha. As fotografias são também memórias e, por isso mesmo, relembrei esta personagem de carne e osso e decidi partilhar convosco o que acerca dela se contava.
Homem na sua idade madura, dizia-se sobre ele que tinha sido prestigiado jurista, até que em dia fatídico perdeu um filho, ainda criança, vítima de atropelamento.
A partir de então, o Catitinha – tratamento carinhoso que lhe era concedido por todo o país – aparecia no Verão pelas praias, apelando a que houvesse vigilância relativamente às crianças que iam a banhos, sendo ao longo do ano visto nas cidades, junto a escolas, a verificar se a miudagem atravessava em segurança e se por perto os pais ou outros adultos zelosos os acompanhavam por percursos mais arriscados. Quando se apercebia de alguma falta de acompanhamento, era o primeiro a alertar, sem rodeios, apontando possíveis perigos.
Esta fotografia foi captada na Póvoa do Varzim, dado o meu avô materno lá passar grande parte do ano enquanto funcionário do casino e deverá datar de início dos anos 40. A imagem será provavelmente da autoria do próprio Catitinha num apelo à responsabilidade e aos cuidados exigidos por parte dos adultos para com as crianças.

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