3 de julho de 2009

INDIGNAR-ME É O MEU SIGNO DiÁRIO

A pianista Maria João Pires vai renunciar à nacionalidade portuguesa, tornando-se aos 65 anos cidadã brasileira. A notícia é avançada pela Antena 2 da RDP, que adianta que a pianista se fartou “dos coices e pontapés que tem recebido do Governo português".

12 comentários:

teresa disse...

Entre outras faltas de consideração, saliente-se Belgais:(

T disse...

Acho essa atitude uma parvoíce. Mas cada qual faz o que lhe apetecer.

carlos disse...

por acaso já vi este filme muitas vezes.
umas em cinemas de estreia e outros em reprise.
com fechos e aberturas, com idas para a bahia e regressos, com planos e sem eles com orçamentos e falta deles.

belgais daria panos para muitas mangas.

e ser uma excelente música e uma excelente pessoa não torna necessariamente alguém em boa gestora.
coisa para a qual, aliás, nem sequer se deveria preocupar a perder tempo.

Teresa Santos disse...

Teve uma recidiva.
Não foi à primeira, será á segunda!

Paciência! Penso, que no fundo, tudo isto acaba por não merecer a nossa importância.

gin-tonic disse...

Como dizia o velho Horácio "onde se está bem aí é a pátria."
Portuguesa ou brasileira, Maria João Pires, para além de outros, conseguiu um disco lindissimo (opinião meramente pessoal)que é "Le Voyage Magnifique" de Franz Schubert.
Belgais foi uma utopia e todos sabemos o que as utipias custam.
Daria muito pano para muitas mangas, como diz, e bem, o Carlos.
Gerir, seja o que for, é o busilis da questão.
Tem amigos que, por fazerem optimos petiscos que colocavam a rapaziada em êxtase, montaram um restaurante. Deu para o torto. O tal pormenorzinho da gestão...

teresa disse...

Não sabemos o que levou a senhora a tomar tal decisão, mas só me vêm à memória os Jorges de Sena, os Damásios, os Eduardos Lourenços and so on;( independentemente de o movimento ser ou não de boomerang.
Quanto a bom executante não ser sinónimo de bom gestor, é óbvio que não (até acredito que arte e 'vil metal' sejam frequentemente incompatíveis e não tenham obrigatoriamente de o ser, mas isso sou eu a divagar).

Luísa disse...

Eu bato palmas. A senhora não me parece de fazer as coisas "por fazer". Mas, se vai mudar a nacionalidade, que fique no país que a acolhe e "dê palpites" e faça o que quiser por lá...

Luís Tavares disse...

Nós não somos o que queremos. Somos o que valemos. E quem nos avalia são os outros.
A Maria JP não quer ser portuguesa. Tudo bem, é um direito que lhe assiste.
Pelos motivos que apresenta, se fosse democrata, nos tempos de Salazar tinha renunciado à nacionalidade portuguesa. Mas não o fez ... e ainda bem!
Desejo as maiores felicidades à brasileira Maria JP.

Luís Bonifácio disse...

Maria João Pires é uma excelente pianista mas uma péssima Política.
Que seja feliz lá pelo Brasil.

carlos disse...

a maria joão pires tem todo o direito a decidir a nacionalidade que quer.
não tendo, do meu ponto de vista, as mesmas razões de fundo que levaram jorge de sena ou eduardo lourenço a emigrar (a ditadura), nem antónio damásio (uma comunidade científica muito mais activa e poderosa do que a que existe em portugal).
não vem nenhum mal ao mundo se a maria joão pires decidir ser japonesa, onde o seu trabalho é muito apreciado.
se o que gostamos (eu, pelo menos gosto) das suas qualidades musicais e pessoais, continuo a gostar o mesmo sendo portuguesa ou do burkina faso.

ao que parece, o acontecimento recente que levou maria joão pires a declarar desistir de uma das suas duas nacionalidades, ffoi o arresto feito a um autocarro da escola, depois de já terem sido arrestados alguns móveis e instrumentos.
acontece que o arresto aconteceu porque 4 funcionários da escola discordaram do seu despedimento e colocaram em tribunal uma acção.
com inteira legitimidade do seu ponto de vista.
a escola de belgais não é uma zona libertada onde as leis do trabalho não se aplicam e perante a qual os trabalhadores despedidos não podem pedir arresto de bens para salvaguardar os seus interesses.
neste caso, razão tem a sua filha joana, e actual gestora da escola: o assunto é uma questão privada da escola.
e é.
da escola, dos seus credores e dos seus funcionários e/ou ex funcionários.

quanto a maria joão pires, de quem gosto particularmente, espero que tenha sucesso no projecto hoteleiro no brasil
e que seja feliz.
onde lhe apetecer.
quanto ao resto, acho que nem devia ser notícia alguém achar que não lhe apetece mais ser nacional de um determinado país.
que seja do que lhe apetecer.
não acho é que se deve transformar isso num drama ou comparar a quem teve que fugir à ditadura.
a maria joão pires, felizmente, pode escolher o país que mais lhe apetecer.

quanto ao resto, e como dizem os brasileiros de quem agora gosta, tudo o mais é perfumaria.

teresa disse...

É claro que a conjuntura que levou alguns nomes de que nos orgulhamos (penso que se pode utilizar o plural desde que se não faça um inquérito de rua, pois com os cantos dos Lusíadas, viu-se) a sair do país foi diferente. Quando os coloco numa lista é porque penso - talvez erroneamente, mas mesmo assim 'insisto' - que o país não consegue cativar os seus, o que seria, para todos nós, uma mais-valia.
Quanto ao folclore jornalístico com a divulgação do arresto de bens - ainda hoje o 'Público' volta à carga referindo ser esse o possível motivo (os outros não sei, ainda está um semanário no saco para ser lido). Se fazem drama, e fazem-no, como com outros assuntos que deram e ainda dão 'pano para mangas' isso é outro departamento. Correndo o risco de ser acusada de inconsciência total (e procuro ser contra teorias da conspiração), também me interrogo se as pandemias não surgirão em momentos oportunos...
É já que somos pobrezinhos, lamebto saber de 2 neurocirurgiões portugueses reconhecidos lá fora(vêm americanos e ingleses ao nosso quintal para que eles os ajudem a recuperar de imobilidade por acidente) que ainda há 1 ano usavam a marquise (e aqui ainda bem que a tinham) de suas casas para fazerem estudos com ratinhos. E com estas considerações avulsas (outras poderiam surgir por delas ter conhecimeto fiável), fico apreensiva por conhecer um único caso em que um empresário (da fronteira alentejana) possibilita bolsas de investigação científica a quem as merece, o que é poucochinho (muitas das grades universidades nos EUA são financiadas por mecenas e têm o seu nome e aqui lembrei-me de Damásio), mas cada um vive à sua escala, o que não deixa de nos fazer - para quem gosta deste território e se congratula por cá ter nascido - lamentar sermos assim, pois uma coisa é o rico imaginário infantil, outra é o Portugal dos Pequenitos propriamente dito.

Anónimo disse...

eu gosto imenso de ser português e de cá ter nascido e gosto muito de saber que existem portugueses, descendentes de portugueses ou amigos de portugal com sucesso.
é a única razão objectiva que tenho para gostar mais musicalmente da maria joão pires (do ponto de vista pessoal tenho outras razões mais fortes e que estão ligadas a um período em que muitos amigos meus estavam presos e ela esteve na primeira linha a dar o nome e o apoio) do que, por exemplo, radu lupu ou lang lang (para utilizar estilos e gerações diferentes) é porque ela é portuguesa.

a questão aqui (no caso de belgais e/ou na renuncia à nacionalidade portuguesa) não está, no meu ponto de vista, ao nível do tratamento que um determinado país dá aos seus nacionais.
está fundamentalmente no temperamento artístico da pessoa em questão e no facto de acharmos que todos os portugueses são os melhores do mundo e, simultaneamente, os piores.
se uma pessoa acha que para manter a sua nacionalidade, o país de que é nacional lhe deve sustentar a sua iniciativa (seguramente bondosa e generosa), parece-me pouco (ou muito, dependendo do género) e é uma questão que me é difícil de analisar.
mas também posso acreditar que o faz apenas por metáfora ou por pressão política, conhecendo a pressão mediática da sua decisão.

do ponto de vista de pessoa que gosta muito de música, não me é muito importante que a wikipedia indique que a senhora é brasileira ou do burkina faso para poder continuar a gostar da forma como toca e, não menos importante, que o seu mediatismo leva a que os seus discos sejam dos mais vendidos em portugal (imaginando eu que as pessoas que os compram os ouvem).

resumindo a questão,
quanto a belgais, gostava que fosse elaborado um plano exequível e que fosse cumprido por parte de todos os envolvidos no projecto;
que, preferentemente, aos artistas fosse dada a responsabilidade e a liberdade artística e os libertasse da gestão da casa.
quanto a maria joão pires, gostava que seja feliz onde for mais feliz.
em portugal, no brasil ou na costa do marfim.
de preferência, continuando a tocar (esta é a minha parte egoísta a falar), porque gosto muito da forma como o faz.