8 de julho de 2009

Maio de 68: incursão e fuga

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Interrogo-me frequentemente sobre a causa de acontecimentos sociais, livros lidos, filmes visionados, letras completas de músicas ouvidas na juventude sobreviverem, até hoje, na memória e em nítidos detalhes: o cheiro das páginas impressas, uma deixa de um actor, uma imagem jornalística captada com mestria pelo fotógrafo, um instrumento que se destaca numa melodia, tudo se converte em experiência recente. Não tendo a pretensão de fazer estudos sobre a matéria – penso que com muito gente de idade próxima se verificará a mesma precisão nas lembranças – a explicação provável será a de tal se dever ao facto de as verdadeiras descobertas sucederem nessas faixas etárias. Mais tarde, temos muitas vezes a sensação de estarmos a assistir a relatos, reais ou fictícios, que são meras variantes do deslumbramento da descoberta inicial.
Por esse motivo, ao folhear um livro com imagens de uma década comprado, há algumas semanas no país vizinho, sorri ao relembrar que os dois eventos culturais aqui representados datam de 1968. Nesse mesmo ano, não tendo ainda entrado na adolescência, recordo-me de ficar a olhar extasiada (e aqui não estou a exagerar) para uma revista Paris Match que, lá em casa, acabou de mudar da sala para o sótão ao fim de alguns dias. Este último local, amplo e com uma janelinha de largo parapeito onde nos empoleirávamos – tanto eu como os meus irmãos – a ler, permitia-nos ver, ao longe, o Palácio da Pena e o deslumbrante pôr-do-sol sempre que a serra não se encontrava coberta de nuvens carregadas. Ainda hoje guardamos algumas preciosidades neste refúgio de juventude, embora as revistas que a minha mãe trazia de Lisboa, bem como os fascículos da Banquete já se não encontrem por lá. Talvez alguns sobrevivam nos caixotes do esconso após inúmeras escolhas e arrumações ao longo dos anos… ainda não houve tempo para tais digressões ao passado.
A dispersão de ideias surgiu, precisamente, pelos instantâneos do fotógrafo sobre os acontecimentos de Maio de 68 em França: eu não percebia o que aquilo era, mas a autenticidade das imagens fez com que tivesse folheado, vezes sem fim, esse mesmo número da revista. Sem ter idade para compreensão das movimentações, interrogo-me como terá o exemplar sido vendido no nosso país em tempos de censura. E de tal forma a crueza das fotografias ficou a marcar a memória que até me tinha esquecido de alguns marcos - estes de tipologia diversa - desse mesmo ano.
Aproveito para perguntar se conseguem indentificar os dois eventos culturais representados quando corria o ano de 1968.

E acertou o Zé Dias da Silva: '2001 Odisseia no Espaço' e o musical 'Hair'.

5 comentários:

carlos disse...

o sérgio godinho fez parte da produção francesa da segunda foto.
e o hal ficou famoso na primeira foto

teresa disse...

Estou a tentar postar um texto com as imagens, isto não está a correr nada bem. Quanto ao SG, eu tinha conhecimento da sua participação.

ABS disse...

Stop...Dave...
:))

Zé Dias da Silva disse...

2001 Odisseia no Espaço
Hair

teresa disse...

Certíssimo, Zé Dias da Silva.