27 de julho de 2009

As velas d Erbon

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Como não conhecia o produto, googlei. E encontrei este texto bem interessante.Numa das notas, explicam que 28 destas velas custavam tanto como 5 Quilos de carne! Outra referência numa classificação de produtos isentos de receita médica,em 1983. E o anúncio que mostro foi publicado em 1922.


"Truque publicitário em muitos casos: repare-se no nome das famosas velas de Erbon, «fórmula francesa» de largo consumo na Alemanha e em França, vendidas pela Farmácia Nobre & Martins — Erbon, que «soa» a palavra estrangeira, é o anagrama Nobre... Processo semelhante foi seguido também em Espanha: Nueva Huelga de Vientres(1916) anunciava as infalíveis «pastilhas Malthus»! (...).
As palavras-chave destes anúncios eram:
No que diz respeito aos destinatários: «A todos os casados», «Aos homens casados», «Esclarecimento aos casados» ou simplesmente «Aos casados»é a formulação preferida. Por vezes, muito raramente, dirigem-se «Às senhoras que não queiram ter filhos» ou «Às senhoras casadas».
Para que servem os produtos?
As indicações fornecidas não deixam de sercuriosamente sintomáticas, por um lado, do seu objectivo principal— evitar a procriação com segurança — e, por outro, dos motivos que conduzem a essa precaução — dificuldades económicas, doenças venéreas,etc. Senão vejamos: «Interessa a todos. A vida está caríssima e os filhos não causam senão desgostos»; «Para evitar a procriação»; «A segurança no amor»; «Felicidade conjugal, harmonia no lar, carestia de vida»; «Amor e higiene»; «Antifecundativo, anticontagioso, estético», etc. (...)
A natureza benigna e prática é da mesma maneira realçada no intuito de captar os mais renitentes: «inofensivas», as velas de Erbon, «mais pequenas do que uma azeitona, são imperceptíveis, não incomodam absolutamente nada» e não prejudicam o organismo. É possível que seja verdade no caso dos produtos Zédol. Já antes de 1910, a Farmácia Silva, na Calçada de Santo André, em Lisboa, vendia anticonceptivos, como vem anunciado no livro do Dr. Brennus Acto Breve. Ora os produtos Zédol, publicitados nos grandes diários, são vendidos por Silva & Carmo, Calçada de Santo André, 16, Lisboa (ou simplesmente por António Silva).
O segredo na entrega dos produtos, para que os «outros» desconheçam que a família x os consome, é igualmente assegurado pelas farmácias. Para tal basta enviar mais 50 ou 60 réis, è a embalagem não conterá sinal algum do que leva dentro...
Não se furtam a advertências estes farmacêuticos, cujos produtos, absolutamente garantidos, são bem mais caros do que as receitas caseiras: «Que ninguém se fie em baratezas em preparados deste género, que podem sair caríssimos» e provocar desgostos e desilusões!
Finalmente, encontramos nestes interessantes anúncios — que, passados uns vinte anos, serão impensáveis e impraticáveis— a rede de vendas comerciais que se foi formando. Se, em 1912, por exemplo, os pedidos tinham de ser feitos para Lisboa, em 1913, as Farmácias Silva & Carmo e Nobre & Martins possuíam já agentes espalhados pelo País. (...)"
In o Neo-Malthusianismo na propaganda libertária,
de João Freire e Maria Alexandra Lousada
Análise Social do ano 82/83

2 comentários:

CL disse...

Eram muito conhecidas e largamente usadas as "velas da Farmácia Estácio".

T disse...

Conte lá Carlos:)