13 de maio de 2009

SÍTIOS POR ONDE ELE ANDOU






















Antes de tudo o mais foi uma farmácia. Os símbolos ladeando as portas não enganam Poderia dizer que ainda se lembra de ver como tal, mas não gosta de fazer afirmações de que apenas tem uma vaga ideia. De certeza, certeza lembra-se que foi uma tasca com bifanas, filetes de bacalhau, penaltis de tinto, isso sim. Também aceitavam encomendas de leitão de Negrais. Foi lá buscar alguns.
È ali nos Anjos, esquina oposta ao antigo “Roxy”, onde agora está uma sapataria descomunal. Do outro lado da avenida ainda lá está o “Moinho do Liz”, a “Marisqueira do Liz” e, entre estas duas casas, a velha pastelaria, onde a “burguesia” do bairro, comia torradas em pão de forma aparado, pãezinhos de leite, bebia chá.
Há já uns tempos que está fechada. Quando passou por lá para fazer o “boneco” pressentia-se qualquer tipo de obras mas não viu nada.
Antes tinha passado por outra catedral de bifanas, que largamente frequentou, in illo tempore, na Rua dos Condes, ao lado do “Olympia”, em frente ao “Odeon”. Também já não existe. Agora é um restaurante indiano para turista ver… O “Olympia” foi comprado para as variedades do La Féria, o “Odeon” há uma eternidade que está devoluto… uma pena…
Esta tasca lembra-lhe uma história do José Duarte contada no “Jazzé e outras músicas”.
Não resiste a transcrever o final:

“Passei frente às coxas do Olympia e entrei naquela tasca onde, os anos 60, viram jovens-hoje-administradores, consumir louváveis decilitradas! Fiz o que pude! Croquetes, rissóis, penalties, pasteis, uma sopa, mais penalties, uma bifana e outro penalty e a conta. Estava a pagar, eis senão quando, entra a jovem, toda de jean vestida, nova liceal, remediada e de livros ao sovaco.
O diálogo.
A jovem em tom discreto, porque envergonhada: “Queria uma sandes!”
A mulher, que fritava pasteis: “De quê?”
A mesma jovem, ainda discreta: “De molho!”
A mulher, natural e à vontade, usa a sua mão esquerda para segurar a carcaça, já aberta, e a direita para a concha do molho, que verte no pão. Pouco molho.
A jovem recebe com a direita e paga com a esquerda. Cinco escudos.”

Mas não coloca um ponto final no post sem dizer que hoje se chegou ao “Beira-Gare”. Há uns meses passara por lá e o tasco estava fechado para obras. Receou o pior. Já tinham acabado com as sandes de isca com cebola, seria que iam acabar com tudo, passar a snack, a uma mariquice qualquer? Mas não! Apenas lhe lavaram a cara por dentro. A frigideira das bifanas continua lá na montra, os croquetes, os filetes de bacalhau, tudo.
Entrou e pediu o habitual: bifana, penalty tinto. Pediu bis.
Mas, acreditem, chegou a recear o pior!...

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