18 de abril de 2009

Lembrando Luís António Verney ou a força da palavra

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Quando chegam ao pensamento nomes como Vieira da Silva, Jorge de Sena, António Damásio, Eduardo Lourenço, entre outros, não deixo de recuar no tempo e evocar outras figuras marcantes, como foi o caso do grande pedagogo Luís António Verney que, desencantado com o país de origem viveu, em Roma, os últimos tempos da sua existência:

O discurso do homem despido de todo o artifício não pode menos que ser um Caos. Poderá ter boas razões, excogitar provas mui fortes, mas, se as não sabe dispor com ordem, quem poderá entendê-lo? Quem se persuadirá delas? (…)
Quem visse a Lua de perto, acharia um globo sem diversidade alguma deste terrestre; o mesmo digo dos outros planetas opacos. Quem examinasse de vizinho o Sol, não veria mais do que uma fogueira; o mesmo digo dos outros ígneos. Mas todos estes vastos globos, postos na sua justa proporção, fazem tal efeito, mostram tão extraordinária beleza, que é um famoso argumento para ver a suprema mão que os criou. (…)
Um homem douto advertidamente chamou à Retórica a Perspectiva da razão; porque, na ordem intelectual, faz o mesmo que a perspectiva nas distâncias locais. (…) Ela tem força tal, que me obriga a descobrir o que eu de outra sorte não veria. Os materiais podem ser simples, as razões mui singelas; mas a disposição delas fará efeitos tais, que sem elas não se conseguiriam. (…) sendo ela que dá alma a todos os discursos, e novo peso a todas as razões, fica claro que tem lugar em toda a parte em que se arrazoa e discorre.
Luís António Verney, Verdadeiro Método de Estudar(Volume II- Estudos Literários)

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