11 de abril de 2009
Hannah Arendt: uma leitura refrescante
Quando a leitura se torna mais obrigação do que prazer, constitui uma agradável surpresa a inesperada descoberta de quem, até à data, pouco mais passava de referência onomástica. Assim sucedeu com Hannah Arendt, lufada de ar fresco, a destacar-se entre leituras que traduzem uma realidade mais recente em que tudo - sob a falácia do "rigor" - se torna mensurável, sujeito à estandardização e à estatística, cilindrando o que existe de importante em cada indivíduo e em cada comunidade específica. E as ideias ganham sempre um sentido mais credível quando partem de quem cujo percurso de vida as legitima, o que será o caso da autora.
Seguem algumas ideias retiradas da obra Education and Freedom:
- A liberdade diz respeito à realização dos nossos projectos para com o mundo, que podem diferir dos meus projectos individuais ou dos do meu grupo social. Nisso não se trata simplesmente de descobrir um mínimo denominador comum para evitar conflitos de interesses, mas perceber que, ao participar num projecto comum, a nossa existência pode ganhar uma dimensão da qual ela carece na esfera dos interesse privados.
- Somos livres em relação ao passado e não em relação aos outros, já que ser livre é iniciar algo de novo, mas a acção que realiza o novo será sempre uma acção conjunta e nunca individual.
- A educação precisa mostrar que vale a pena apostar no mundo humano, isto é, não se trata de descartar tudo, mas procurar o que existe de verdadeiramente valioso entre os escombros e confiá-lo aos mais novos, pois a sua liberdade estará em transformar essa herança, o que não seria possível se não existisse um legado comum e se cada um pertencesse apenas a um grupo cultural ou de interesses.
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