12 de março de 2009

entre os dedos

ou como o realismo no cinema português está de boa saúde

ontem, no auditório da biblioteca de barcelos, a associação zoom (o cineclube cá da terra) passou o último filme de frederico serra e tiago guedes, feito a partir dum texto do irmão deste, rodrigo guedes de carvalho.

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entre os dedos é simultaneamente um grande filme de actores (a excelente isabel abreu num desempenho notável, o agora famosíssimo filipe duarte; e ainda luís filipe rocha (!), fernanda lapa, gonçalo waddington, eunice munoz, lavina moreira, paula sá nogueira) e uma simples história sobre os desentendimentos humanos quando a crise aperta numa agonia financeira que parece não ter fim.

é a vida e as relações pessoais a fugir entre os dedos: o passado colonial que atormenta, a doença terminal que corroi, a falta de trabalho e dinheiro que destroi.

é um filme negro.

como negros são os dias.

um filme da falta de comunicação entre as pessoas quando o dinheiro não chega e que nos leva a fazer o que não pensávamos que faríamos.

é um filme rodado nos arredores de lisboa (brandoa, loures, calçada de carriche...), nos transportes, nas limpezas de casas, nos prédios inumanos. longe dos postais e da cidade de luz e sol. nestas vidas tudo são sombras.

não é um filme fácil de ver.

mas acorda-nos.

e isso é bom

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