21 de Março de 1974
“Dias Irae”
“Apetece cantar, mas ninguém canta.
Apetece chorar, mas ninguém chora.
Um fantasma levanta
A mão do medo sobre a nossa hora.
Apetece gritar, mas ninguém grita.
Apetece fugir, mas ninguém foge.
Um fantasma limita
Todo o futuro a este dia de hoje.
Apetece morrer, mas ninguém morre.
Apetece matar, mas ninguém mata.
Um fantasma percorre
Os motins onde a alma se arrebata.
Oh! maldição do tempo em que vivemos
Sepultura de grades cinzeladas
Que deixam ver a vida que não temos
E as angústias paradas!”
Miguel Torga
O poema e a gravura “Presos Políticos” de José Dias Coelho, são retirados do livro “Da Resistência à Liberdade” editado, em Abril de 1977, pela Secretaria de Estado da Comunicação Social
3 comentários:
Depois de ter olhado para este post tão significativo, surgiu-me a seguinte pergunta a fazer ao gin:"a imagem pessoal sobre Miguel Torga é assim tão desinteressante?". Fiquei curiosa.
este desenho fez parte dum grupo de postais que se vendiam para angariar dinheiro para a comissão nacional de socorros aos presos políticos
Não é bem uma imagem desinteressante sobre a obra de Torga, se bem que não o entusiasme muito. Tem mais a ver com outros factores como, por exemplo, enquanto outros escritores deram a cara contra a ditadura, Torga refugiou-se no seu consultório e nas pedras de S. Martinho de Anta.
Claro, Teresa, que estas ideias necessitavma de mais espaço para serem abordadas e explicadas do que uma caixa de comentários.
Enviar um comentário