28 de março de 2009

As conferências do casino e um pedagogo do século XIX

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(fotografia de Adolfo Coelho in revista da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, 1, 1934)

A série de programas ontem iniciada no canal 2, ao dar destaque ao romance queirosiano Os Maias, não deixou escapar- mesmo que de passagem- a geração de 70 e as indissociáveis conferências do casino com lugar no Casino Lisbonense no ano de 1871. A iniciativa destes encontros surgiu cinco anos após a questão coimbrã , envolvendo doze homens de letras que integraram o grupo designado como Cenáculo.
As iniciativas com lugar no Casino Lisbonense decorreram numa época em que, na Europa, se vivia um ambiente de efervescência e mutação de que serão exemplos emblemáticos a comuna de Paris, as movimentações para unificação da Itália e as revoltas ocorridas na Irlanda e na Polónia.
As conferências de Lisboa tiveram como organizadores José Fontana, Antero de Quental, Oliveira Martins e dois futuros presidentes da república: Teófilo Braga e Manuel de Arriaga. O jovem Eça de Queirós também a elas se encontrou associado.
A primeira conferência, a cargo de Antero de Quental, obedeceu ao tema de abertura: “O espírito das conferências” tendo decorrido no mês de Maio.
A quinta conferência, conduzida por Adolfo Coelho, docente de Matemática, versou o tema: “A Questão do Ensino” e teve lugar no mês de Junho, acabando por ser inesperadamente a última, quando cinco comunicações por proferir se encontravam no projecto.
O impedimento de dar continuidade a este ciclo verificou-se após ter o governo de então ordenado por decreto – ainda durante esse mês de Junho - o encerramento da iniciativa, podendo ler-se no normativo da época: “ expõem e procuram sustentar doutrinas e preposições que atacam as religiões e as instituições políticas do Estado”.
Na última iniciativa concretizada, Adolfo Coelho referiu as necessidades e finalidades do ensino, defendendo o seu carácter laico, bem como a convicção pedagógica de ser possível regenerar o país através da educação.

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