

Antes o Campo Grande era um imenso jardim. Aí desfilavam cavalos, faziam-se festas, saboreava-se o verde, existiam tasquinhas e vivia-se como Deus manda, gozando os prazeres da vida. Muitos anos depois, espartilhadas por vias arrevesadas, ainda existiam estas estâncias de aluguer de bicicletas e de motorizadas. Acho que ainda andei numa mota dessas nos tempos da faculdade.
Agora desapareceram e quase todos se esqueceram delas. Sublinho o quase. Porque ainda há gente que preza a lembrança. Mesmo daquilo que acabou. Logo, este post é para o Rui Moutinho que me pediu estas imagens.


Fotógrafos:
Goulart, Artur
Bastos, Artur Inácio
Goulart, João H.
Datas:
Entre 1961 e 1971
5 comentários:
Boas recordações deste Campo Grande. Mas na última fotografia não estão as (princípios de 70) muito apreciadas Honda 50...?
JA
Honda 50 bem à frente, sim, senhor. Foi numa destas - e ali mesmo - que aprendi a andar de mota!
Estou a olhar para o quadro branco do comentário vai para 15 minutos. Sim, porque comoveu-me a dedicatória neste post e já percebi que não há forma de conseguir agradecer isso convenientemente. Que bom. Que bom final de semana. Graças à T.
Beijinho. Obrigado. Mesmo!!!!
Foi numa dessas bicicletas que dei os primeiros tralhos. Julgo que o meu pai passou imensas horas a pensar que eu nunca conseguiria andar de bicicleta. Mas consegui. Estou um menino grande, pai!
«Sempre que vejo um adulto de bicicleta, volto a confiar no futuro da raça humana»
Henry Wells
Perde-se por tanta coisa teria também que se perder por bicicletas.
Tem uma pasta cheia com poemas, textos, fotografis, tudo sobre bicletas. Gostaria um dia de fazer qualquer coisa de tudo isso, ainda não sabe bem o quê. A elegância de uma mulher numa bicicleta...
A importância da bicicleta no quotidiano dos trabalhadores do século passado, o transporte para a fábrica, para o trabalho no campo - "dois quilómetros de estrada... o que um homem não pensa em dois quilómetros! Às vezes a vida inteira... Trinta anos de trabalho para se chegar ao fim com uma bicicleta e as mãos vazias.", Luis Sttau Monteiro "E Se For Rapariga chama-se Custódia" - bicleta de recados, a clandestinidade, a luta dos povos - "Sim, também a escola. Apertou o frio, a rigidez, também sob o ponto de vista económico, e vivíamos ao encontro da guerra. Restava muita coisa: a lealdade dos pais e dos irmãos, dos amigos, também dos que há muito estavam integrados em organizações nazis - restava a bicicleta, insubstituível, quase sagrada, esse elegante veiculo de mobilidade, companheiro da fuga, de fácil construção, digno de muitos hinos e - como se verificou o mais tardar em 1945 - o único meio de movimentação mecânico, mas valioso e de confiança. Do que não precisa um automóvel? É pesado, bem vistas as coisas, dependente de mil e uma ninharias, já para não falar da gasolina, das estradas. Onde é que se consegue ir com uma bicicleta - e que ninguém esqueça: a guerra do Vietname foi ganha com bicicletas contra tanques e aviões. Remendos, bomba de ar, luz - bagagem leve, quase nenhuma - e o que é que não se pode pôr em cima de uma bicicleta, carregando-a bem?", Heinrich Boll, "O Que é Que vai ser do Rapaz?", as bicicletas brancas de Amsterdão, o Roger Vailland a dizer que ninguém ganha a Volta a França sózinho, os últimos desejos do Fernando Assis Pacheco: "quero-te de bicicleta, quero-te outra vez de bicicleta sobre as folhas, quero-te ouvir chegar de bicicleta, quero o som macio que fazia na mata a tua bicicleta." e por aqui ficava horas e horas a falar de bicicletas, a pedalar mas, dizem-lhe, que isto apenas é uma caixa de comentários.
De nada Rui:) Foi um prazer oferecer-lhe este pequeno presente:)
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