14 de fevereiro de 2009

Escorrer de memória

Toda a gente aqui sabe que além do Dias que Voam, tenho outro filho mais pequenito e de âmbito profissional. É este aqui. Destina-se a crianças, a pais e educadores e é sobre segurança infantil.
Passando a publicidade, o que vos queria pedir era o seguinte: vão no dia 28 de Fevereiro assinalar-se os quarenta anos da ocorrência do sismo de 1969. Todos nós, ou os mais velhos de nós, temos memórias do que sentimos, do que vimos, do que percepcionámos. Para que serve este escorrer de lembranças? Para conseguir explicar às crianças (e se calhar a muitos adultos) o que se deve fazer em termos de medidas de autoprotecção, qual a lógica que lhes subjaz e porque importa aplicá-las.
Se quiserem fazer este trabalho de casa, mandem-me por e-mail ou publiquem aqui no Dias, como quiserem. Obrigada.

9 comentários:

teresa disse...

T,
Tenho bem nítida a memória do acontecimento só que, no meu caso de pré-adolescente, a mesma foi motivo de muita risota familiar durante umas boas semanas. Talvez não seja, portanto, oportuno, relatar a estória pessoal:)
(nessas idades dorme-se que nem uma pedra, o que justifica algum "nonsense")

Anónimo disse...

Recordo-me do medo profundo que esse segundos me causaram. Vivíamos numa sociedade onde "as prevenções" eram escassas. Em vez de ficar paralisado na cama, deveria ter tirado o colchão da mesma e cobrir-me com ele (sabíamos lá destas coisas em 1969). É bom preparar as pessoas para estas eventualidades. Se vier um outro....até pode ser bem pior!

JA

T disse...

Teresa, conta!!!!Ou pergunto ao mano!

T disse...

Tem toda a razão JA:) Aguardo o seu depoimento:)

Anónimo disse...

Olá!
Sou eu (noutro lépetope). O VV na altura tinha 2 anitos, portanto não saberá, a não ser que as risadas familiares- aqui à conta da "je" - tenham durado mais tempo do que me lembro...talvez possas aproveitar o depoimento sobre o que não se deve fazer em caso de sismo... vou dormir sobre o assunto e depois atiro uma moeda ao ar a ver se sai alguma coisa com sentido e se sou uma verdadeira kamikaze,mesmo correndo o risco de andar a ouvir durante uns tempos que dava um estudo de caso:)

Anónimo disse...

Bolas...Dona T! Depoimento! Tenho dificuldade em escrever mais que vinte pág....(vinte palavras queria dizer) sobre o assunto.

JA

teresa disse...

Olá T,
... e aqui vai, "sem medos":

Lembro-me de já a noite ir avançada. Na altura, eu tinha 12 anos e dormia sempre uns sonos muito profundos.
A mobília do meu quarto, que tinha pertencido à minha mãe enquanto criança, era daquelas alentejanas, com flores, com uma cama de cabeceira enorme.
Quando o sismo se começou a fazer sentir acordei, estremunhada, devido ao ruído próprio deste fenómeno, o som era ainda ampliado pelos batimentos provocados pela cabeceira da cama que chocava, com força, contra a parede.
Estremunhada, saí da cama, atravessei o espaço que ficava ao cimo das escadas e devia estar quase sonâmbula, não sei como não me estatelei pela escadaria abaixo. Entrei no quarto dos meus pais e perguntei-lhes, não muito assustada: “O que é isto?” – No quarto deles, um antigo candeeiro de vidrinhos que ainda hoje lá está, tilintava sem parar. Respondeu-me então a minha mãe em tom calmo, mas de preocupação: “É um tremor de terra, é melhor vires para junto de nós. Podes enfiar-te debaixo da nossa cama".
Respondi-lhes de imediato: “O quê? Um tremor de terra a uma hora destas? E que ideia é essa de me mandarem deitar no chão? Durmam e não estejam com invenções”.
É certo que nunca tinha experimentado a sensação, mas penso também que a minha reacção se explicou pelo sono pesado e por alguma descontracção própria da idade.
Regressei ao meu quarto, no mesmo passo de quem dorme acordada, enrosquei-me nos cobertores – a trepidação entretanto tinha terminado - e peguei de imediato no sono. Na manhã seguinte, lembrava-me de tudo isto, mas parecia-me ter sido um acontecimento irreal, cheguei a pensar que não tinha passado de um sonho.
Saltando agora para os nossos dias e, como professora, gostaria de referir que já temos feito, na escola, com o apoio dos bombeiros, simulações a fim de ensinar aos alunos os procedimentos a adoptar caso sucedam estas catástrofes. Tendo-me chegado aos ouvidos que nem sempre os miúdos levam a experiência a sério, gostava de deixar a ideia de que é importante saber seguir à risca as instruções, o que poderá significar o salvamento de vidas caso a terra venha verdadeiramente a tremer.

Anónimo disse...

Aparte... A "Aquarela" bem podia dar um saltinho ao seu filho mais velho, Dona Têzinha! :)

Ricardo António Alves disse...

Gosto do Tinoni e já tinha visto. Se não me der a preguiça, escrevo qualquer coisa.
Um abraço.