21 de janeiro de 2009
sobre a origem de portugal e o castelo das terras de faria
há uns tempos escrevi aqui sobre o castelo de faria.
falei em parte do seu enquadramento histórico e do aproveitamento pela ditadura durante as comemorações dos centenários.
e da abstronça contrução de um quadrado a fingir os restos da torre de menagem e os cartazes empolgantes a garantir que jamais entregaríamos os nossos castelos.
há um conjunto de locais que periodicamente aparecem como estando no berço da nossa nacionalidade.
durante muito tempo foi feito um grande esforço pela ditadura para encontrar um conjunto de símbolos para construir o espírito de nação gloriosa, de gente pobre mas honesta, isolada do mundo porque ninguém compreendia a gesta gloriosa, e que se traduziam na reconstrução de castelos com ameias que nunca tiveram ou salas ogivais feitas no século 20, praças de martins monizes descobertos á pressa num qualquer livro de histórias, montes hermínios que deviam estar mais entre extremadura espanhola e o alto alentejo do que na serra da estrela (mas esta era a maior do país e devia ser o seu maior símbolo, de padeiras que nunca existiram realmente e outras invenções que nos fazem acreditar no mesmo modo no pai natal e em termos um país criado a partir de uma cidade e a partir da vontade de um homem que tinha uma espada que eram precisos 7 homens normais para segurar nela…
depois, com uma melhor leitura dos registos históricos, uma correcção do ambliopismo e uns subsídios municipais, foram aparecendo uma série de teorias que, pelo menos, tiveram o mérito de colocar em dúvida as certezas estabelecidas.
uma dessas certezas era a de guimarães como berço da nacionalidade.
sendo de desconfiar numa qualquer teoria que apresenta um local específico e um nome concreto para iniciar um país, a verdade é que a tese do ‘aqui nasceu portugal’ ganhou raizes e credibilidade.
que eu saiba, essa certeza começou a ser ‘abalada’ quando as gentes que se afirmam como estando no centro das terras de santa maria (da feira) começaram a defender que portugal até pode ter ‘nascido’ em guimarães, mas quem o fez nascer foram os nobres das terras de santa maria, os únicos que estiveram do lado do jovem infante que teria uns míseros 14 anos quando serviu de ‘elo’ de ligação para os nobres da zona se rebelaram contra o poder do reino de leão e as pretensões do galego sobre a rainha e o reino desta.
mais tarde aparece uma nova teoria que aponta viseu como estando no a nacionalidade por via de afonso henriques lá ter nascido.
há ainda aquele ruído surdo sobre a origem de portugal ser… o porto, de portus cale.
recentemente apareceu uma nova teoria que coloca as terras de faria no centro da nacionalidade e o futuro primeiro rei a promulgar decretos e forais no cimo no monte da franqueira.
a esta novel teoria voltarei
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3 comentários:
... as "estórias" da História sempre fizeram parte do imaginário de quem frequentou a primária durante o Estado Novo: milagres em batalhas, heróis com poderes sobrenaturais, Egas Moniz (o aio) de corda ao pescoço a apresentar-se perante Afonso VII. Havia num dos livros - salvo erro da 4ª classe - um texto de louvor ao alcaide do castelo de Faria.
Só no pós 74 ouvi falar na civilização árabe como avançada com grandes contributos na matemática, medicina , agricultura até gastronomia - a célebre carne de porco à alentejana parece ter sido um contributo ancestral vindo do Algarve, não do Alentejo, havendo também quem defenda que os decorativos bolos algarvios em forma de frutos daí partiram com base numa civilização outrora requintada que valorizava o aspecto das iguarias.
"as pretensões do galego sobre a rainha e o reino desta."
Rainha... que não o era.
;)
não era 'rainha', mas o caso e irrelevante já que 'acima' dela só estaria 'deus', como dizem os monárquicos e os que acreditam em deuses.
mas rainha de condado, reconheço que soa mal... factualmente
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