1ª estação. policarpo fala da necessidade de estudar e entender os outros como forma de os compreender e aceitar
a primeira atitude fundamental é um respeito e um conhecimento. nós somos muito ignorantes. queremos dialogar com muçulmanos, e não gastámos uma hora da nossa vida a perceber o que é que eles são. quem é que em portugal já leu o alcorão? se queremos dialogar com muçulmanos, temos que saber o bê-á-bá da sua compreensão da vida, da sua fé. a primeira coisa é conhecer melhor, respeitar.
2ª estação. policarpo mostra a face fundamentalista e racista com conselhos sobre amores e casamentos, dizendo o oposto do que disse 1 minuto antes
um conselho que dou às jovens portuguesas: cautela com os amores, pensem duas vezes em casar com um muçulmano, pensem; pensem muito seriamente. é meter-se num monte de sarilhos, nem alá sabe onde é que acabam.
3ª estação. policarpo que dois minutos antes disse desconhecer tudo sobre o islão, afirma agora que os muçulmanos não admitem outra verdade que não a deles, mas que ele afirma desconhecer qual é
só é possível dialogar com quem quer dialogar e com os nossos irmãos muçulmanos o diálogo é muito difícil. estão-se a dar os primeiros passos, mas é muito difícil porque eles não admitem sequer que a verdade deles é única e é toda. o diálogo é uma maneira de eles, que estão num país maioritariamente católico, marcar o território como fazem os lobos na floresta, de marcar o seu espaço e de terem o espaço que eu lhes respeito.
eu não vou falar dos larguíssimos milhares de mulheres católicas portuguesas que são vítimas de violência doméstica em portugal por parte dos seus excelentíssimos e católicos esposos.
não vou falar da igreja católica tratar o diálogo inter religioso como uma coisa ao estilo de ´será tão bom quanto os outros aceitarem as nossas ideias e os previlégios da igreja católica.
já aqui tinha falado há uns tempos da resolução dum imenso diferendo entre católicos e anglicanos a propósito da virgindade da maria. muitas centenas de anos e muitos milhares de mortos depois as duas entidades conseguem retirar as palas dos olhos (diria mais, dos cérebros) e parar o litígio sobre essa magna questão de saber se a maria tinha tido sexo ou não.
seguramente cada uma delas achava que a outra não admite outra verdade que não a deles, mesmo que esses dogmas possam mudar ao sabor do tempo.
as declarações do senhor policarpo, até por ser uma pessoa inteligente, são particularmente perigosas.
é triste, mas o verniz dialogante da igreja desfaz-se só com o cheiro da acetona....
aconselho, mais uma vez, a leitura dum pequeno texto de faranaz keshavjee na edição de hoje do público.
até no situar em primeiro lugar os 'problemas graves de violação dos direitos da mulher muçulmana, fundamentados em leituras parciais do alcorão'.
5 comentários:
O texto de Faranaz Keshavjee é correcto - li-o ontem. Mas Monsenhor Policarpo tem razão. A cultura muçulmana, genericamente,está atrasada em relação à cultura judaico-cristã ocidental. Isto não é uma questão de fé, mas de facto. E isto apesar dos atropelos aos direitos das mulheres (e de toda a gente, em geral)que se praticam na nossa sociedade. Pelo que uma mulher que case no seio da cultura islâmica arrisca-se mais a ver a sua liberdade coartada que uma mulher que case na cultura cristã ocidental.
Eu concordo com o ABS. Há testemunhos bastante eloquentes sobre estes casamentos cruzados.
E verdade, tenho a tua prenda de Natal a arrefecer!
Não sei se poderei afirmar que uma cultura está "atrasada" ou "adiantada", por questão de atitude não consigo ver o mundo "a preto e branco" com heróis e cobardes, bonitos e feios, bons e maus. Há muçulmanos e muçulmanos, bem como católicos e católicos (o que nos conduz a organizações como a "Opus..." na qual muitos católicos não se revêem e criticam).
Ontem era notícia de 1ª página do "Público": "Há católicas felizes com maridos muçulmanos"., é possível, as culturas são diferentes e a nós, ocidentais, há situações que nos incomodam. No entanto, recordo as determinações do governo francês quanto à proibição de jovens muçulmanas se apresentarem nas aulas com a cabeça tapada e não deixo de sentir desconforto. Procuro respeitar a "alteridade" até ao ponto em que ela não entra em conflito com os meus princípios do respeito pela dignidade humana, o que me parece ser neste particular o caso.
Apreciação muito genérica dos factos? Talvez... mas penso que muitas coisas são lidas em contextos da época. Sinto incómodo quando leio no Alcorão que se deve "corrigir regularmente a mulher com castigos físicos", do mesmo modo que suscita polémica a frase do apóstolo Paulo quando aconselha as mulheres a serem "submissas" aos maridos, dado o conceito de submissão, nos nossos dias, pressupor uma atitude acrítica de aceitação não reflectida.
caríssimo abs,
o senhor policarpo não tem razão nenhuma.
o senhor policarpo estava a falar para em portugal, para as mulheres portuguesas.
que eu saiba, não existe nenhuma evidência da existência de uma qualquer preponderância de maior violência exercida sobre mulheres católicas por parte de maridos muçulmanos em portugal, por comparação com outra qualquer confissão religiosa.
as leituras do alcorão que podem provocar vómitos são como as da biblia que provocam náuseas.
principalmente se a entendermos de uma forma literal e fora do contexto da época em que foram escritas.
quanto àquilo em que hipoteticamente se poderia considerar que o senhor policarpo teria razão, o mesmo princípio se aplica às jovens portuguesas que queiram casar com um jovem do zimbabwe e irem para lá viver. ou para uma qualquer outra ditadura feudal.
a questão não está a sociedade ser muçulmana ou não: está no respeito pelos direitos humanos (de uma forma generalizada) dessa sociedade concreta.
os exemplos recentes em comunidades cristãs nos estados unidos deviam servir de exemplo. e são cristãos.
tal como a tradição cigana em portugal. ou a indú na índia...
a questão está no país ou na comunidade em que decida viver depois do casamento e não na confissão religiosa do marido.
Andou para aqui às voltas. Foi por um bocadinho de água na planta de Natal, tirou as folhas amarelas aos amores-perfeitos, tem a noção de que não deveria meter-se nestas coisas mas isso cai no “guichet”dos conselhos inúteis a ninguém. Um formigueiro nas falanjetas leva-o a não ficar calado. Sempre gostou de botar opinião mesmo que disparatada.
A biblioteca do pai tinha um calhamaço pr’aí de 700 páginas que dá pelo nome de “Histórias das Religiões” de Chantepie De La Saussaye. Leu-o pelos 16/17 anos. Meteu-se depois com Albert Camus e Bertrand Russell. Ficou a saber que a religião não seria um problema da sua vida. Respeita quem a tem, os deuses que adoram, os anjos que lhes sossegam as noites. Gostaria que respeitassem o facto de ele não acreditar, de não professar qualquer religião. Poucas vezes acontece.
A afirmação de D. José Policarpo avisando as mulheres portuguesas para o “monte de sarilhos” em que ficariam caso casassem com muçulmanos, é polémica. Não lhe custa pensar que alguma dose de razão a envolva mas o que sabe é que D. José Policarpo não a pode exprimir publicamente. Aqui parece residir o problema. Todas as religiões devem respeitar-se e nenhuma tem legitimidade para atirar pedras para os telhados das outras.
Não quer ir embora sem, a despropósito, citar Woody Allen: “O casamento é a morte da esperança.”
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