2 de dezembro de 2008

Um desabrigado como outro qualquer

Hoje à noite, quando regressava a casa e me apercebi do frio que estava, ouvi simultâneamente uma peça de rádio sobre os sem-abrigo.
E veio-me logo à cabeça um amigo meu que está neste momento desabrigado e faz todos esses percursos institucionais (albergue, manta, sopa, roupas,cartões e local de dormida), sem qualquer queixa, diz apenas "estou tranquilo, cessaram as preocupações".
Cada vez percebo melhor como se chega a essa situação.Que delas se possa extraír paz de espírito já é mais complicado de entender.
Sobretudo quando faz frio como esta noite e quando se quer ajudar e não se sabe bem como, sem atentar à dignidade do outro. E difícil de gerir quando se sabe como eu sei, que essa pessoa aprecia música, estima os seus livros, escreve algumas coisas, questiona a vida, ama os seus filhos.E nada mais.

2 comentários:

teresa disse...

T,
as causas que "atiram pessoas para a rua", são múltiplas. O caso aqui apresentado fez-me lembrar uma narrativa de Tabucchi passada no Terreiro do Paço e, pedindo de empréstimo a tua ideia, penso que irei "postar" também sobre quem dorme ao relento ( é uma situação que, actualmente, ultrapassa a vida citadina)

T disse...

São pessoas normais, se é que existe a normalidade,que desistiram de se esforçar.