21 de dezembro de 2008

O rio...

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Estava lá em baixo, à minha espera. Chamava-me como a Musa chamava os antigos marinheiros. E não resisiti.
Rodeado de um lado por um mar de seixos, do outro de árvores e arbustos, ele corria lá em cima, abrandava um pouco mais abaixo e acabava cansado ao pé de mim.
Lá dentro, peixes nadavam e brincavam, como o brilho no interior dos meus olhos. Nem pensei. Num ápice, debrucei-me, peguei numa pedra e atirei-a a ele. Os peixes fugiram, mas o brilho nos meus olhos não.
Percorrendo vales, atravessando montanhas, ele corre para o seu destino.
Uma ponte quebra o efeito mágico e, como uma mutação perfeita, transforma a paisagem, civilizando-a, segundo pensavam os seus construtores.
A água, vasto rio de prata, chamava por mim fresca e agradável. Toquei-lhe. E veio-me uma ideia maluca à cabeça: "que tal tomar um banho?". Não, não o fiz, mas percorri a margem com as mãos em concha e levei-as à cara: "que frescura, limpeza" - pensei eu.
E corri, corri ao longo da sua margem até onde ele se estreitava, para logo depois voltar a alargar. A montanha em frente impedia-o de fugir de mim, prendendo-o com mil cordas invisíveis ao fundo do vale.
Olhei para trás. Voltei a mim. Mas não quero ir embora. Subi, passo a passo, a margem sem nunca o deixar para trás. Ainda o tenho comigo, nem que seja em pensamento.
O rio... seu nome não sei.
Diogo
(texto de um antigo aluno, após uma visita de estudo realizada à localidade de Constância)

4 comentários:

T disse...

Que belos, imagem e texto:)

teresa disse...

Fico tão orgulhosa destes miúdos! (este já é arquitecto, nem sequer seguiu "as letras"):)

Anónimo disse...

É um arquitecto "com um brilho no interior dos olhos". A sua obra há-de reflectir esse brilho.

teresa disse...

Sempre foi tão talentoso que acredito nisso!:)