1 de dezembro de 2008

Criar e (re)criar na brancura do papel

... e porque o privilégio de aqui deixar algumas palavras nem sempre se encontra à altura das ideias da "teclista" , deixo mais um texto de uma autora, desta feita bem conhecida de quem transcreve. Sei que a mesma não se importará com a divulgação, logo que possível irei informá-la:

Olhei para esta folha em branco
Olhei para esta folha em branco e tive medo, confesso.
Pensei que as palavras não fossem corajosas para saltar, pensei que não fossem amigas, que não me deixassem brincar com elas. Após conviver com as palavras, aprendi muito.
Aprendi que as palavras são como certos frutos: é preciso saber prová-las e utilizá-las para perceber o quão sumarentas elas podem ser, o tanto que nos podem dar.
Aprendi que estas são como túneis escuros com ligações e caminhos labirínticos até ao fundo daquilo que sentimos.
Aprendi também que há palavras proibidas para cada um de nós, palavras que, quando pronunciadas, nos remetem para memórias que muitas vezes preferimos não lembrar.
Felizmente aprendi a brincar com as palavras; aprendi que elas, tal como nós, homens, são imperfeitas e falham, não são capazes de descrever com perfeição sentimentos que também não são perfeitos; nestas brincadeiras, as palavras podem ser melódicas e musicais quando encaixadas e ligadas a outras palavras que nos tocam.
As palavras quebram o vazio e aí eu sinto que são o meu verdadeiro refúgio.

Margarida, 15 anos, 10ºF, Olhares da Lua

2 comentários:

Anónimo disse...

Olhei para esta folha preenchida e achei-a linda.
Estes jovens de Olhares da Lua não páram de surpreender.
Parabéns à Margarida!

teresa disse...

É verdade, Rosarinho.
Apesar de tanto se dizer em relação à juventude, é bom que ainda haja tantos jovens - e a colectãnea é rica em participações - que se dediquem com tanto entusiasmo à escrita:)