10 de outubro de 2008

Nascer

Da semana anterior, guardo a imagem de mulheres abnegadamente quase a darem à luz. E Luz, assim se chamava, é uma das meninas que nasceu nestes dias, boa sorte para ela e para a sua mãe tão luminosa e feliz.
É um acto tão natural e tão duro ainda. Ande dizem, e as mulheres a ritmos diferentes percorrem corredores aoiadas em amigas e familiares a passo incerto, parando apenas para as contracções que as fazem vergar e lutar contra dor e a favor da vida. Não há nada a fazer, é aguardar que passe essa vaga de energia. Dizia-me o pai de uma criança por nascer, nitidamente impressionado: "Ainda bem que não nasci mulher". Na pequena copa ao jantar, brincam, numa evidente solidariedade e com sólido apetite. Volta e meia paragem, contracção a chegar. E todos respeitam o momento. Há uma solidariedade não dita e contida nos sorrisos e breves palavras que me tocou profundamente neste processo todo.
Ouvi o coração da minha pequena sobrinha neta, pela primeira vez , através de um aparelho qualquer que lhe anunciava a força e vontade de vir para o mundo. Ontem ao olhar a sua pequena mão engelhada de longos dedos a agitar-se, não pude deixar de mais uma vez me comover perante este milagre do nascimento. E respeitosamente pensar na força e amor das mulheres . Não de Atenas necessariamente.

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