quero o silêncio perfeito
onde a minha lembrança não abra rios de sangue
onde a minha lembrança não abra rios de sangue
(luís amaro)
este poderia ser hoje o desejo dos que 'herdaram' o legado dos irmãos emanuel e mayer lehman, filhos dum obscuro negociante de gado bávaro que um dia emigrou para os estados unidos.
mas a ganância ultra-liberal da especulação financeira tem a memória dum peixe de aquário.
e hoje estarão a defender mais estado para proteger aquilo que ainda há dois anos eram operações de grande visão estratégica e coragem empreendedora.
quem vier atrás que feche a porta, ou o último a sair que apague a luz, se entretanto o fornecedor não cortar a alimentação.
hoje será uma espécie de quinta-feira negra com pré-aviso.
todos sabemos que a bolsa de nova iorque vai abrir em enorme queda e não se prevê que haja, simultaneamente, gente a cair de janelas de edifícios e milhares de folhas de acções a voar por wall street.
as janelas dos grandes edifícios estão protegidas e as acções já não existem fisicamente em papel.
mas a ganância especulativa continua.
e não adianta tentar fazer prognósticos antes do fim do jogo, mesmo sabendo que no final, ao contrário do futebol, vamos perder todos.
e como diz a piada que melhor define um economista,
'nunca peças o número de telefone a um economista. ele vai-te dar uma previsão'
14 comentários:
À cautela fui fazer as compras todas da semana. Não vá o diabo tecê-las:)
Chamem-me estúpido, mas não estou minimamente preocupado, nem vou fingir que compreendo perfeitamente o que se está a passar :)
Uma data de gente comprou casa e agora não tem dinheiro para pagar, é isso?
Portanto os bancos americanos estão á beira da falencia?
E devem dinheiro aos nossos?
E o que é que a gente tem a ver com isso, quer dizer que vão subir os juros dos empréstimos e descer os das contas a prazo?
Mas eu não tenho nenhuma conta a prazo nem nenhum emprestimo... também sou afectado? :S
Claro que és. Não vives isolado do resto do mundo.
Com direito a abertura nos noticiários e a depoimento (preocupado) do presidente da CGD...
Por mim já dei para todos os peditórios de crises. Por mim os filhos estão criados, não tenho carro - nem sequer carta de condução - a casa é alugada, o senhorio quando me encontra diz que pago por três assoalhadas o que hoje se pede por um quarto sem janela, digo-lhe bom dia, que quem não quer ser urso não veste a pele e lembro-lhe que quando ele me alugou a casa em 1972 por 2.800$00 o meu ordenado não dava para pagar a renda e ele nunca se preocupou com isso e consegui (sobre)viver.
Óbvio que os tempos estão dificilimos, também ninguém disse que isto era um "rose garden", as pessoas cometeram loucuras, os governos ajudaram, os bancos idem e ainda mais idem, e agora há que ter calma.
Por mim, que nem vejo os telejornais,que já tenho idade suficiente para declarar a minha total irresponsabilidade, arranjo um "Bombay", com muito gelo, uma grande rodela de limão, uma tónica que apenas tem essência de quinino, se tiver, acendo um charuto e ouço boleros.
No panic!
Quando ouvi a notícia pela manhã fiquei a pensar até onde irá isto afectar-nos...
Seja como for, Carlitos, já tinha saudades dos teus post’s combatentes:)
Acho que vou, á laia de medida preventiva, adoptar a ideia da T:
mantimentos p/2meses :D
caro jorge, mesmo tu, não tendo carro a parecendo que o preço do petróleo não te afecte, sabes bem que, infelizmente afecta.
a economia mundial está demasiado intrincada para que um crash na bolsa de hong kong não signifique uma crise na europa e nos estados unidos.
o que se passa com o subprime, resumindo, é o seguinte:
existem, basicamente, 3 tipos de candidatos a empréstimos hipotecários: os que têm dinheiro e usam o crédito porque porque é melhor usar o dinheiro dos outros que o nosso (e o nosso pode ser usado em aplicações financeiras) e têm bons juros, já que o risco para o banco é minimo. têm o que se pode chamar empréstimos 'prime'. juros baixos, risco mínimo e, normalmente, clientes com outras aplicações dentro da instituição que empresta.
existe um segundo grupo de clientes que não tendo rendimentos muito altos, têm, no entanto, um historial de cumprimento das suas obrigações. o segmento 'alt-a', algum risco, mas controlado.
depois, apareceu na década de 90, com a apetência cada vez maior das pessoas por casa própria, um conjunto enorme de candidatos á compra de casa que, ou tinham pouquíssimos rendimentos ou tinham um passado de créditos duvidosos.
mas os bancos não queriam que esse mercado fugisse para a concorrência:
alargaram os prazos até aos 50 anos; pagamento dos juros antes da amortização da dívida; escolha do montante a pagar... tudo aquilo que por aqui se vê todos os dias nos jornais e televisões.
este mercado de alto risco (porque as hipóteses do seu não cumprimento serem elevadas, é o que se chama de 'subprime'.
por ser de elevado risco, as instituições financeiras revendem esses créditos por vários bancos por forma a 'dissolverem' o risco.
do ponto de vista global, este mercado nem é muito elevado (1% dos títulos e 14% das hipotecas nos estados unidos). mas o facto de, repentinamente, os incumprimentos terem sido muito acima do que qualquer previsão faria prever, fez com que este entrelaçado bancário ameaçasse todo o mundo (sim, todo o mundo). quer pela disseminação das responsabilidades dos créditos, quer pelos investimentos bolsistas nas diversas empresas por parte de todos os investidores mundiais.
o fecho dum banco por falência, faz com que todas as empresas que estariam á espera de pagamentos por parte dessa instituição, deixem de poder receber esse dinheiro e en trar em falência por 'associação'...
estás a ver onde entras jorge?
Bem, depois de ler rápidamente o texto do Carlos e de seguida, ver os comentários de todos e todas, na minha modesta opinião, há que levar em conta, pelo menos um deles.
O do " anónimo ".
No final do dia irei relê-lo novamente, para tirar a minha ilação.
Cumprimentos a todos, nomeadamente ao " anónimo ".
Fernando ;-)))
O anónimo é o carlos, com preguiça de fazer login. Vê-se pelas minúsculas:)
ok, então vamos morrer todos à fome. Tinhamos que morrer de alguma maneira.
Pensando bem, já há pessoas a morrer à fome, já existe guerra por terra ou recursos...
Por isso vai continuar tudo na mesma, "nós" é que temos estado a viver bem.
Obrigado Teresa, pela informação!
Fernando ;-)))
Mais uma vez, ao ouvir neste preciso momento, as notícias na SIC, dou tôda a razão há explicação do Carlos.
Há que estar muito atento.
Fernando ;-)))
Honestamente, vocês pensam que as pessoas pensam nisto?
O cidadão Português e não só, Europeu, pensa no dia a dia, eu não estou a chamar-vos de Elite, mas estas questões do grande capital, é certo que têm reflectos nos bolsos das pessoas, mas em Portugal infelizmente nós já temos uma crise há já algum tempo.
O cidadão comum sabe lá quem é a Lehman, ou o JP Morgan, ou a FED?
Qual é o interesse? O interesse seria que as pessoas soubessem exactamente aquilo que os governantes não dizem, ou seja a realidade do nosso País.
Obrigado pelo esclarecimento, carlos anonimo :)
Mas (mais uma vez chama-me estupido se quiseres), acho que os bancos, pelo menos na américa, tem de ter um seguro qualquer para o caso de falirem, de um organismo governamental chamado FDIC.
Provavelmente é só uma percentagem do dinheiro dos credores, nao sei.
Eu também não tenho muito dinheiro no banco, regra geral... entra num dia e sai logo no outro para pagar as contas :S
Vamos manter o pensamento positivo! :D
Ah, e já agora T... eu nao vivo isolado... com grande pena minha! :D
Porque como o carlos acabou de demonstrar, quando tudo está interligado numa mega-aldeia global, o que se passa é que basta um elo da cadeia quebrar para partir a cadeia toda.
É uma velha regra de engenharia: a probabilidade de erro de um sistema é o produto das probabilidades de erro das peças - quanto mais peças tem um sistema, muito maior será a sua probabilidade de falhar.
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