22 de junho de 2008
Talvez por cheirar a mar
Era uma viagem de não sei quantas horas de camioneta ou de carro. Lembro-me de lá chegar, deixar as malas na praia, eu e a minha irmã corrermos para a água, sensação tão grande de liberdade e de prazer, lembro-me da minha irmã a despachar-me e a chegarmos molhadas e cheias de areia a casa da minha avó. Ainda não havia complexo e o mar estendia-se à nossa volta, acolhedor e saudoso. Sines era a família do meu pai presente. A minha avó Lúcia sempre pronta a jogar à bisca, fazendo uma certa batota,subornando-me para ir à cozinha buscar-lhe um bocadinho de chouriço proibido, malditas dietas. Sines era as voltinhas com o meu pai, as conversas com os pescadores, o toque de esplanada, do marisco, caramujo e búzios, as conversas de que eu nada percebia mais entretida a apanhar as "caricas das garrafas". Sines era São Torpes, Porto Covo, um deslizar por ali num carocha do meu Tio Ilídio. Sines era a gaiatada toda, uns família outros amigos, era estar sempre bem. Sines era o meu Tio Zé, com os olhos da cor do mar e aquele ar de lisboeta trocista e a minha Tia Susana com aquele arrastado e cantante sotaque alentejano, olhar penetrante e cujo humor mordaz me surpreendia. Sines é um lugar de afectos e de recordações. Sines é estar outra vez de mão dada com o meu pai.
Não passo por Sines que não tenha saudades do que era Sines antes de estar assim.
Para o Manuel e para a Teresa M.
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2 comentários:
Este texto define bem o que é lindo na nossa vida: os afectos e as recordações destes.:)
Define o que nos fica para sempre:)
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