a descoberta das ruínas do castelo de faria no final dos anos 20 animou de tal modo as gentes barcelistas que a década de 30 foi de uma actividade intensa.
um dos problemas era a dificuldade dos acessos ao local que impossibilitava o aproveitamento turístico-patriótico das ruinas, bem como os terrenos circundantes serem de proprietários muitos ciosos das suas propriedades e ameaçarem os escavadores com objectos pouco amigáveis.
o objectivo de conseguir que o castelo se apresentasse apresentável para as comemorações centenárias de 1940 começava a parecer cada vez mais uma miragem.
e quando em 1939 se tentou alargar um pouco mais as escavações, a oposição dos proprietários limítrofes deitou por terra todos os sonhos.
no entanto, e como tinham que apresentar algum trabalho feito, o grupo promotor decidiu fazer a reconstrução da torre de menagem e subir as muralhas exteriores por forma a que aquilo se parecesse com o que queriam que se parecesse.
na reconstrução a esmo da torre de menagem, aproveitando as pedras soltas que por ali havia, fizeram a coisa de tal modo que a dita 'torre', com uns 2 metros de altura, não é mais que um quadrado com uns 10 metros de largo.. e nenhuma porta de entrada.
aliás, atendendo ao estado em que hoje se encontra, mais parece uma enorme floreira com um bloco de giestas, árvores e matos diversos que saem pelo topo da 'torre'
o mesmo se passou com a muralha circundante, já que o objectivo era dar ao conjunto um aspecto que se pudesse mostrar aos visitantes a tempo dos centenários.
quando se verificou que não era possivel apresentar as ruinas a tempo por não existirem verbas para a estrada nem autorização dos vizinhos para os trabalhos necessários, passou-se ao plano b:
conseguir a classificação como monumento nacional.
este processo, naturalmente moroso, fez com que a actividade ao longo dos anos 40 e começo da década seguinte fosse pouco mais que nada.
no entanto, quando a 13 de julho de 1956 veio a classificação monumental a juntar ao anterior decreto que disponibilizava as verbas para a estrada e a coisa parecia que podia voltar ao entusiasmo inicial.
os textos laudatórios produzidos a propósito destas ruinas são um verdadeiro deleite para quem gostar de glorificantes e metafóricos escritos de encher chouriços.
eu poupo-vos essas transcrições.
assim, a 19 de julho de 1959, mais ou menos 30 anos depois da descoberta das ruinas, e em pleno auge da glorificação fascista do passado imperial, reúnem-se no local das ruinas as forças vivas da nação numa daquelas cenas tristes a que o estado novo nos habituou.
com grandes panejamentos a glorificar o exército, a marinha, a aviação, ao fantoche que fazia de presidente e outras inutilidades. e, supra sumo da vacuidade fascista, a jura de que jamais entregariamos as chaves dos nossos castelos, para já numa imediata alusão ao perigo indiano que, desde a independência no final dos anos 40, queria a última parte que ainda não lhe estava unida.
olhando para o estado das ruinas a coisa mais parecia uma cena dos monty python em frente do castelo de cartão do 'holly grail'.
tristezas que o império tece.
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