Sábado, quatro e picos da matina. Acordo e de repente, percebo que não vou dormir mais. Penso vagamente em tarefas, mas a essa hora da manhã seria chato acarretar a arca, do quarto do fundo para o da frente. Mas devo confessar que era uma tarefa que me apaziguaria.
Às sete e tal saio de casa e o sol brilha. Montes de pombos,com uma gaivota infiltrada, arrulham adoidados. As persianas essas, estão todas corridas.
O dia de trabalho é acelerado. Parte acelerado porque eu a trabalhar o sou, outra porque o ritmo o exige. Quando me falam das desgraças de Lisboa e me referem isto ou aquilo, eu às vezes sorrio. Não contesto. Cada qual pense o que quiser. Mas quando me lembro de situações que conheço, sinto-me por vezes incapaz de não sentir. Tenho visto gente que desistiu de o ser, em casas ou buracos ou pardieiros ou numa coisa inominável. Talvez um território. Ou nem isso. Mas doí-me.
Hoje encontrei num caso um oásis de paz: pátios soalheiros de gente simples, que cheiram a flores. Um gato branco faz pose numa trepadeira. É tão bom ver felicidade pura.
De regresso, passo pelo Corte Ingles e compro dois presentes em atraso. Os amigos e amigas Carneiro são mais do que as mães. Na rua vejo montes de velhinhos e velhinhas azougados e bem arranjados. A criada acompanha o Sr Doutor, muito curvado e de bengala de prata, que lhe diz Vamos tomar qualquer coisa?
No lugar cá de baixo, junta.-se uma comunidade paquistanesa. Parece-me! Mas vendem coentros com raiz e é a parte que eu gosto mais de trincar.
Agora acho que me vou esticar. Talvez adormeça ou me vá à arca.
Também agora me lembro, que este post destinava-se a esclarecer a J, sobre a natureza do meu trabalho. Está claro, não está?
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