Feira da Ladra

E eis que às oito da manhã salto da cama, com o sol a bater na janela. Não há que saber, é duche, lavar os dentes e correr para a Feira da Ladra.
Resolvi inovar e ir de 35. Como não sabia onde era a melhor paragem (vou sempre de eléctrico ou de carro) perguntei à senhora do lado. Esclareceram-me uns senhores que iam lá vender uma "inspiradora" Hoover, brincavam eles. Ou seja, serviram-me de guia e entrei na feira por uma rua lateral, cheia de vendedores ilegais e onde fiz as melhores compras da manhã. Mas ouço Olha Eles, passado de boca em boca, sibilado e amplificado. Admiro sempre a solidariedade verdadeiramente lusitana anti polícia. Chegou a bófia dizem outros, arrumam tudo à pressa e sentam-se nas soleiras das portas. Não há-de ser esta cena muito diferente da do passado.
Eu passeio-me, compro revistas (muito material para digitalizar) e gozo esta manhã de sol que aquece cá por dentro. Muita tralha, fotografias abandonadas pelas famílias, cromos de jogadores de futebol, livros muito baratos, bonecas à espera de adopção. Tudo para deleitar a vista. A vida é bela, digo eu.