22 de novembro de 2007

Sobre os livreiros

Cuidadosamente fui educada para ir à livraria. Quando era miúda era uma prenda semanal. Se tivesse feito economias, podia fazer crescer o número dos ditos. Lembro-me que um livro custava 30 escudos.
A minha Livraria de pequenina e ainda mal sabia ler, foi a da Dona Lívia na Póvoa de Varzim. Era uma velhinha adorável, ainda devo ter postais que me enviou. Já morreu há muitos anos.
Coimbra: aí não havia livreiro, eram duas grandes livrarias: Atlântida e Almedina,salvo erro. Geralmente lá me abandonavam, com a certeza de que não fugiria nunca, pois na altura ainda passeava com vigilância. Lembro-me de que muitas vezes a seguir era a sacrossanta ida ao Santa Cruz, antes de apanhar o eléctrico para Celas.

Quando fui morar para Leiria, descobri a Livraria Martins. O dono era cego, mas sabia sempre que livros indicar e onde estavam. Durante muitos anos fê-lo. Encontrava-o sempre a ele e à mulher, uma senhora muito bonita e gentil a passearem-se de braço dado.
Finalmente, quando vim para Lisboa, era uma catraia adolescente. Nessa fase descobri os alfarrabistas de livros a sério. Antes só conhecia os que vendiam os Mundos de Aventuras e fotonovelas (que também as li, tive a minha fase romântica pirosa).

Figuras referenciais ficaram os alfarrabistas, de que já muito aqui falei.
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O que eu gostava de ter à mão, era uma livraria não muito grande ,mas que tivesse ou arranjasse tudo o que eu precisasse. Um senhor ou senhora simpática a atender que gostasse também de ler. Que percebesse certas incomodidades que um leitor sofre hoje em dia. Umas poltronas velhas seriam bem colocadas. Café ou chá. Outro dia na Bolhosa tive um vislumbre de como podia ser( Infelizmente era inerente a um único empregado). E também na Bertrand /Roma , com uma rapariga novíssima e despachadíssima.

Não aprecio comprar livros em grandes espaços. Quando vou à FNAC é direccionada a DVDs ou breves incursões pela literatura francesa. E não gosto da noção de permanecer lá.

O que me safa? A sagrada Amazon. Mas fico um bocado triste.
Gostava de ter uma livraria dessas que eu gosto mesmo na minha esquina.

Sonhar não custa.

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