9 de outubro de 2007

Para a Cristina Ribeiro

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"As mulheres entram com os homens nas malhadas e com eles manejam alternadamente os mangoaes. Nos terrenos menos fundos e mais secos, pelo leste do Minho, as malhadas fazem-se mais cedo; e mais cedo ainda, em Setembro, pelo São Miguel (dia santo em todas as aldeias minhotas) faz-se a esfolhada.
Esfolhear o milho consiste em descamisar-lhe a espiga. Devia ser um trabalho enfadonho. Pois não é. Por toda a parte é uma pândega de truz. No coberto ou na eira reúnem-se os vizinhos à gente da casa e não faltam à festa as cachopas bonitas com os seus conversados. Sentam-se todos no chão ou onde Deus quer, numa grande roda.
Canta-se ao desafio, conversa-se e quando aparece o milho rei corre o seu possuidor a roda a colher abraços da sociedade. Às vezes irrompe do escuro uma mascarada pitoresca. Dança-se e ceia-se. Come-se bacalhau ou sardinhas, a broa, um caldo de couves com feijão: bebe-se a pinga do Senhor e como às vezes o amor e o vinho fazem das suas, não é raro acabar tudo à meia noite com muita pancadaria.
Nas malhadas de centeio, mais montanhesas, cada infusa de verde é acolhida com vivas desengonçados a que chamam apupos."


Ilustração Portugueza 1909 , Texto de João Rocha e foto de Emílio Biel

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