Ofereci-os às nossas mais recentes aniversariantes. Confesso que, depois, ainda fiquei a pensar se o deveria ter feito, mas que se dane, o que é bom é bom. Mas são livros duríssimos e as festas de anos são isso mesmo: festas. Daí a dúvida.
O primeiro dos dois que li: O pintor de batalhas, de Arturo Pérez-Reverte. A história de um antigo fotógrafo de guerra que decide pintar, num único mural, todos os horrores que presenciou. Muita da experiência de correspondente de guerra de Pérez-Reverte (já antes descrita noutro livro fundamental dele, Território Comanche) está aqui incorporada - como ele disse em entrevista ao El Mundo, a outros que poderiam ter escrito este livro faltava-lhes a biografia dele. Uma obra que discorre sobre muita da selvajaria do homem, sobre a estética, sobre a impossibilidade de sermos apenas observadores do horror sem participarmos, queiramos ou não, desse mesmo horror. Para mim é o melhor livro que Pérez-Reverte escreveu - e li a maior parte deles - colocando-o de vez na linha da frente dos grandes escritores contemporâneos.
E o outro autor: Cormac McCarthy. Não é muito conhecido cá por estas bandas. Escreveu algumas coisas sublimes, nomeadamente a sua Trilogia da Fronteira. Podia passar a noite a falar sobre ele, mas concentremo-nos no seu último livro, A estrada. É um livro de absolutos: o amor absoluto contra o horror absoluto, no meio da desolação absoluta. É também um dos livros mais demolidoramente bem escritos que li na minha vida. Há dois meses ganhou o Pulitzer para uma obra de ficção deste ano.
A condição humana: é o que se mostra nestes dois livros. É capaz de ser pouco, mas é o que temos. É por isso que a devemos proteger. A todo o custo.
A condição humana: é o que se mostra nestes dois livros. É capaz de ser pouco, mas é o que temos. É por isso que a devemos proteger. A todo o custo.
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