muitas vezes, quando ia da rua da rosa para o principe real fazer a minha visita à pequeníssima biblioteca que funcionava num armário do jardim, fazia a nada prática diagonal da travessa do conde de soure para o jardim através do alto do longo. porque gostava muito daquele pequeno mundo onde ninguém de fora passava e já conhecia lá muita gente.
gostava daquele microcosmos. uma espécie de aldeia dentro do bairro alto, ao tempo tão diferente do que é hoje.
o alto do longo era uma espécie de condomínio fechado.
e administrado pelo seu habitante mais antigo.
era um respeitável senhor que tinha uma espécie de alfaiataria (?) numa loja da travessa dos inglesinhos.
era amigo do filho. bem mais velho que eu, mas que por vezes participava nos jogos de 'porta-a-porta', feitos com bolas de jornais bem amachucados dentro de meias de vidro sem conserto que pedíamos à senhora de trabalhava numa capelista/papelaria da travessa do poço da cidade e que tinha uma pequena máquina eléctrica para tratar das malhas caídas (que isto de deitar meias fora não se fazia que elas eram muito caras). esses jogos com as portas dos prédios como balizas e a rua da rosa como campo encheram muitas tardes de intervalo entre almoços e jantares.
falava eu do alto do longo e dessa particularidade de ter uma espécie de autoridade que dirimia todos os conflitos entre os moradores e a quem se recorria nas decisões importantes.
estas fotos são dos anos 60.
precisamente a época em que eu por lá andava.
este mês voltei lá.
já tem um acesso pelo pátio do tijolo e as casas estão quase todas recuperadas e até se vende pomposamente um 't0' com 20 m2.
nos anos 60 era uma barraca...
finesses, como diria aquele deputado do cds que agora fala francês.
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