20 de março de 2007
tom waits, os jesuitas e a santa madre igreja
os jornais internacionais falavam este fim de semana, em quantidade e volume inusitados, de tom waits.
e falavam a proposito de uma das principais revistas teóricas dos jesuítas a ele se referir como representando os marginalizados e os incompreendidos.
e que o facto de tom waits ter tido uma 'juventude embebida em álcool, drogas e sexo', misturado com os 'marginalizados das ruas da califórnia' o tinha feito 'mergulhar nas profundezas da sociedade'.
esssa experiência, aliada à sua 'capacidade para a esperança e instinto para a felicidade' tinham-no ajudado a produzir 'autênticas canções vazias de vaidade e falsas ilusões'
na mesma semana em que o bento 16 revela no seu livro 'joao paulo 2, o meu amado predecessor' que recomendou ao polaco que não devia aparecer ao lado de bob dylan, não deixa de espantar este artigo da 'civita cattolica'.
no entanto, só poderá espantar quem não conheça o autor do artigo.
o padre jesuita antónio spadaro é um eminente estudioso das letras e das músicas e da sua interligação com a religião e o pensamento dos religiosos.
o padre, agora com uns 40 anos, é laureado em filosofia, diplomado em comunicação social e doutourado em teologia da literatura.
o redator da cività cattolica, é um dos maiores especialistas italianos de flanerry o'connor (sobre a qual escreveu, entre outros, 'il mistero e il male. flannery o'connor e la storia della piccola mary ann' ou 'la letteratura nel territorio del diavolo' sobre a poesia de flannery o'connor.
sendo a literatura a sua especialização, as suas incursões pela música vêm de longa data, e na mesma cività cattolica tinha publicado textos sobre a temática das canções de bruce springsteen, sobre 'l'ossessione religiosa di nick cave', ou a 'literatura' punk, do mesmo modo que se debruçava sobre william carlos williams com 'nelle vene dell'america', ou a poesia de walt whitman com 'le verità attendono in tutte le cose'.
a sua abertura intelectual fazem-no ver mais além do que a simples rejeição de um homem que canta 'dragging a dead priest' com a voz de quem esteve conservado, não num frasco de formol, mas num barril de bourbon.
só temos que nos alegrar por isso.
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