11 de janeiro de 2007

Almirante Reis


Correios na Rua Palmira. Estação cheia de mármores e de publicações, quase luxuosa. Clientela a 90% acima dos 65 anos. Fila única sem senhas. Aproximo-me da fila e sou advertida, primeiro por uma senhora e depois por outra: Ó menina, estamos ali na fila, mas ficámos aqui sentadas que não nos aguentamos das pernas. Eu disse claro, tudo bem, mas 10 segundos depois e não mais do que isso, uma das velhinhas veio para o pé de mim "Sabe a menina, não me tenho nas pernas. Tenho uma dor de joelhos. Não saía há dois dias de casa. Moro num 3º andar sem elevador, sabe". A outra senhora faceira, pintada e de cabelo armado tinha já marchado para o guichet e namorava alegremente com o funcionário. Nessa fase as dores tinham desaparecido, presumo eu.
Eu levantei a encomenda que tinha a levantar e vim-me embora. E pensava o que pensei entre o Chile e os Anjos. As diferenças entre as pessoas que vemos entre os quarteirões, aqui muitos brasileiros e eslavos a partir dos Anjos negros e chineses. Muita gente e de muita idade também. Como fiz a pé o percurso inverso do que costumo tomar, reparei no comércio, nos novos edifícios, na quantidade desmesurada de prédios decrépitos, num surpreendente hotel que nasceu como um cogumelo, vi uma avenida que precisa de ser recuperada e acarinhada. Porque entra por ela adentro a luz do rio, porque ainda é larga e nela apetece caminhar.
Aliás quando tenho amigos de fora( que não conhecem Lisboa os azarado) cá em casa, a primeira coisa que lhes faço é irmos a pé até à Baixa. Nem lhes poupo o CC da Mouraria. Nem nada. Mas voltando à outrora rainha.
Não tem tido sorte a antiga Avenida Dona Amélia. E merecia.
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Nota: os azimutes, indispensáveis e não rechonchudos, vénia:)


1 comentário:

Anónimo disse...

O eléctrico ia pela Travesa do Benformoso (à direita)?