8 de novembro de 2006

O inferno

O inferno existe, sem dúvida.
O inferno não é um conceito recente ou, muito menos, uma invenção de determinada religião, neste caso a religião cristã.
O conceito de inferno - o lugar para onde, depois da morte, vão algumas almas e no qual só existe dor, sofrimento, tortura e padecimento – é, com grande certeza, muito arcaico. Vem desde os primórdios da humanidade ou, pelo menos, desde que a humanidade se pôs a pensar – ou imaginar... – e concebeu que existirá alguma coisa para além da carne – a alma – e que, depois da morte da carne, a alma persiste e irá passear para algum lugar.
Assim, praticamente todas as religiões indicam a existência de um inferno, ou equivalente, embora com bastantes variações. Pode ser quente e ardente, ou frio e gelado. Pode ser escuro e profundo ou claro e etéreo. Pode ser eterno ou apenas temporário. Pode servir para condenação ou apenas para redenção. Mas, em todos estes conceitos, uma coisa é comum, o sofrimento.
Mas, perguntarão, em que é que isto prova que o inferno existe?
Bem, não prova, de facto... Mas, na minha opinião, estes conceitos tão ancestrais de inferno e paraíso são apenas uma espécie de alegoria da condição humana transportada para o mundo imaginário da morte: a oposição entre o bem-estar, a felicidade, a alegria e tudo o mais que nós associamos ao bem, e a tristeza, o sofrimento e dor que relacionamos institivamente com o mal.
E, neste sentido, o inferno da facto mora aqui, nas nossas vidas. Não só o inferno interior de que fala a T mas os infernos que causamos aos outros... Exemplos recentes não faltam: O nazismo alemão no século passado, os genocídios no Ruanda ou na antiga Jugoslávia, a eterna guerra israelo-palestiniana, os atentados nas Torres Gémeas e as prisões de Guantanamo...
O inferno existe, sem dúvida.

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