27 de outubro de 2006
a propósito dos grandes portugueses e da elegibilidade deles
esta questão dos grandes portugueses tem a particularidade de me irritar um bocado.
por um lado, irrita-me este cadinho onde pretendem colocar todos e mais alguma coisa na esperança que saia uma liga nobre da fundição.
por outro, irrita-me esta ideia da competição em que por um lado a extrema direita se mobilizou em força através de sms para votarem no salazar e por outro lado a esquerda dá indicações de voto mais de acordo com os seus ideais.
se não me espanta o esforço titãnico da direita saudosista para conseguir que o salazar tenha votos que permitam recuperar a sua imagem, já me causa alguma perplexidade que aqueles que, do ponto de vista teórico, sempre defenderam que os grandes heróis foram o povo, agora pretendam personalizar a coisa.
quem faz os heróis são as circunstâncias.
e muitas vezes os mitos
o martim moniz nunca se atravessou na porta do castelo de são jorge.
o viriato viveu na estremadura espanhola
mas, mesmo querendo personalizar a coisa em gente que realmente tenha feito a dita coisa porque são famosos, não é possivel comparar coisas simbólicas como o primeiro 'rei' (que foi mais o conde d. henrique que o seu filho afonso...) com o pedro nunes, por exemplo, ou o d.joão II com o eça de queirós ou o padre antónio vieira, ou os operários da marinha grande
há coisas que não são comparáveis
e depois depende do que achamos importante para a nacionalidade e para a nossa identificação como povo.
se como dizia o outro poeta para o qual eu não tenho nenhuma pachora 'a minha pátria é a lingua portuguesa', o maior português é o gil vicente.
a ele se deve o estabelecimento do português enquanto lingua separada do galaico.duriense.
mas isto são miudezas, como diria o outro.
eu quero lá saber quem foi o maior ou melhor português
eu quero é saber quão grandes (ou pequenos) somos enquanto povo.
o resto é perfumaria...
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